domingo, 21 de outubro de 2012

Obtenção e Aplicação de Hemoprodutos








HEMOPRODUTOS
a) HEMOCOMPONENTES - são partes do sangue isoladas por processos físicos (temperatura, centrifugação e sedimentação) em qualquer serviço de hemoterapia. Pode haver risco de incompatibilidade e o paciente tem que se internar para que lhe seja administrado o produto.

b) HEMODERIVADOS - são proteínas separadas industrialmente por processos físicos e químicos. Não há risco de incompatibilidade e o paciente pode utilizar o produto na própria casa.


A seguir veremos os processos de separação dos componentes a partir do sangue total:





TIPOS DE BOLSAS

a) Bolsa simples - usada para o sangue total
b) Bolsa dupla - usada para separação de concentrado de hemácias e PRP.
c) Bolsa tripla - usada para separação de concentrado de hemácias, plasma e plaquetas ou crioprecipitado.
d) Bolsa quadrupla - para concentrado de hemácias, plasma, plaquetas e crioprecipitado.


PROCESSOS DE CENTRIFUGAÇÃO

O processo de centrifugação é essencial para a separação dos componentes sanguíneos.
Para a obtenção de PRP e concentrado de hemácias deve ser feita uma centrifugação de 2200 rpm durante 10 minutos.
Para a obtenção do plasma fresco congelado e concentrado de plaquetas é feita uma segunda centrifugação a 2000 rpm por 6 minutos.


TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS

O anticoagulante utilizado é o SAG-manitol.
As bolsas devem ser armazenadas a uma temperatura de 2 a 4ºC e, cada bolsa possui aproximadamente 300ml de concentrado de hemácias com o hematócrito entre 60 e 80%.
O tempo de armazenamento pode variar de acordo com o tipo de conservante utilizado: se for utilizado o conservante CPDA-1 o prazo de validade da bolsa é de 35 dias, e se for usado o conservante CPD-AS o prazo de validade aumenta para 42 dias.

PRA QUE SERVE A TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS?
A transfusão do concentrado de hemácias serve para reverter estados de anemia e para restaurar ou manter a capacidade de transporte de gases pelo corpo.

EFETIVIDADE
Cada bolsa de concentrado de hemácias tem a efetividade de elevar o Hematócrito (Htc) do receptor em 3% e a Hemoglobina (Hb) em 1g/dL.
A cada 3 bolsas de concentrado de hemácias deve-se administrar uma bolsa de plasma a fim de manter a fluidez sanguínea. A frequência de administração deve seguir a ordem de: Hemácias + Hemácias + Plasma + Hemácias, ou seja, a cada 3 bolsas de concentrado de hemácias deve-se administrar uma de plasma, porém, na prática, quando se colocar 2 bolsas de hemácias deve-se administrar o plasma para então colocar a 3ª bolsa do concentrado de hemácias.
O limite mínimo de Hb é de 10g/dL, o normal é 12g/dL e o limite máximo é de 16g/dL, porém a transfusão do concentrado de hemácias é indicada quando a Hb encontra-se abaixo de 7g/dL.
Em algumas condições o paciente não pode receber plasma, então ele é substituído por solução fisiológica, o que recebe o nome de Concentrado de Hemácias Lavadas.

TRANSFUSÃO DE HEMÁCIAS IRRADIADAS
O concentrado de hemácias muitas vezes podem ser irradiados para que se inativem os linfócitos viáveis presentes na bolsa. Esse procedimento é indicado:
a) Para prevenir a Doença do Enxerto x Hospedeiro (DECH)*;
b) Quando o receptor for parente de 1º grau do doador;
c) Em transfusões intra-uterinas ou em recém-nascidos de baixo peso;
d) Para receptores de transplantes de célula-tronco/medula óssea;
e) Para imunossupressão (reduzir a atividade do sistema imunológico).

*Na DECH os leucócitos do doador podem reconhecer células e tecidos do receptor como estranhos e dar início ao ataque, podendo ser fatal.



TRANSFUSÃO DE PLAQUETAS
O concentrado de plaquetas possui validade de 5 dias desde que acondicionado em temperaturas entre 20 e 24ºC.
A transfusão plaquetária é realizada quando as plaquetas estão em nível crítico de 10000/mm³ de sangue.
Há plaquetopatias quantitativas, como as púrpuras ou qualitativas, como alterações no tamanho das plaquetas.

PLAQUETOPATIAS E LEUCEMIA
Há a relação entre leucemia e plaquetopatias.
Quando há leucemia pode não ocorrer a diferenciação das células em megacariócitos, que originam as plaquetas pela fragmentação de seu citoplasma.


TRANSFUSÃO DE PLASMA
O plasma é armazenado de -20ºC até temperaturas menores que -30ºC.
Sua validade varia de acordo com a temperatura de armazenamento, sendo 12 meses (se congelado entre -20ºC e -30ºC) ou 24 meses (temperaturas menores que -30ºC).
Uma vez que o plasma for descongelado não pode recongelar.
O excesso de plasma vencido para transfusão é encaminhado para a fábrica de hemoderivados.
A transfusão de plasma é indicada para a reposição de fatores de coagulação, em deficiências de vitamina K, para neutralização do anticoagulante Warfafina, em casos de coagulação intravascular disseminada (CIVD) ou ainda em casos de doenças hepáticas, uma vez que o fígado está relacionado com a produção de uma série de fatores de coagulação.


TRANSFUSÃO DE CRIOPRECIPITADO
O crioprecipitado é obtido a partir do plasma fresco congelado, rico em fatores de coagulação.
O plasma fresco congelado deve ser descongelado lentamente até temperaturas entre 2ºC e 6ºC para ser então centrifugado, obtendo-se um precipitado de fatores de coagulação.
O crioprecipitado é pobre em albumina, mas contém quantidades consideráveis de fibrinogênio, Fator VIII, Fator de von Willebrand, Fator XIII e fibronectina.
O crioprecipitado precisa ser descongelado a 37ºC para então ser utilizado e sua administração deve ser realizada em até 2h após o descongelamento.
É indicado:
-  Para reposição de fibrinogênio e Fator XIII em pessoas com hemorragia ou déficit de fibrinogênio;
- Profilaxia em pessoas com deficiências congênitas de fibrinogênio ou Fator XIII;
- Em casos de hemofilia A (doença de von Willebrand - ausência de fator específico).


RESOLUÇÃO RDC Nº 153 DE 14 DE JULHO DE 2004 DA ANVISA
É quem determina o regulamento para os procedimentos hemoterápicos, incluindo coleta, processamento, testagem, armazenamento, transporte, controle de qualidade, transfusão de sangue e componentes obtidos de cordão umbilical e medula óssea.

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