segunda-feira, 22 de julho de 2013

Malária e Plasmodium

A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Plasmodium e transmitida ao homem por fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles, produzindo febre, além de outros sintomas. É típico da região Norte.
Mosquito Anopheles, popularmente chamado
de mosquito prego.

  • Agente etiológico

Família Plasmodiidae, gênero Plasmodium.

Espécies:

O P. falciparum tem poder de disseminação, podendo causar até malária cerebral. Sendo a espécie a causar mais complicações.
O Plasmodium vivax apresenta forma de hipnozoítos (formas esquizontes tardias), que traz várias crises num período de 6 meses. É recidiva.

  • Ciclo biológico


a) assexuado/esquizogônico
1. 1.      Ciclo pré-eritrocítico.
Inicia-se com a picada do Anopheles, inoculando esporozoítos infectivos no homem. Ficam no sangue por alguns minutos (30-60min) até migrarem para os hepatócitos (fígado), uma vez que possuem a proteína CS (Circum Sporozoite) na sua superfície, que se liga aos receptores dos hepatócitos, facilitando a entrada. Começa a esquizogonia tecidual ou ciclo pré-eritrocítico, que dura:
**o desenvolvimento lento de alguns dos seus esporozoítos, formam os hipnozoítos, formas latentes (dormentes) do parasito responsáveis pelas recaídas da doença meses ou anos após.
Agora se transformam em trofozoítos jovens. Estes se replicam assexuadamente (esquizogonia), dando origem aos esquizontes teciduais. Eles viram merozoítos, rompendo o hepatócito e caindo na corrente sanguínea para parasitar eritrócitos.
P. vivax invade preferencialmente as hemácias jovens e o P. falciparum, hemácias em qualquer fase evolutiva.

1.  2.     Ciclo eritrocítico
Os merozoítos invadem as hemácias. Durante um período que varia de 48 a 72 horas, o parasito se desenvolve no interior da célula, virando trofozoíto. Em seguida se torna esquizonte, e depois volta a ser merozoíto. Provoca a sua ruptura, liberando-os para invadir novas hemácias. A ruptura e conseqüente liberação de parasitos na corrente sangüínea traduz-se clinicamente pelo início do paroxismo malárico, que se repetirá com o término do novo ciclo.

O ciclo sanguíneo se repete sucessivas vezes, de acordo com o parasita:
P. falciparum: febre terçã maligna, com intervalos febris a cada 36-48h (dia sim, metade não).
P. vivax: febre terçã com intervalos de 48h (dia sim, dia não).
P. malariae: febre quartã - Sintomas mais brandos.
Se o paciente for infectado por mais de 1 espécie terá febre todo dia.

No exame microscópico do sangue pode-se observar variada morfologia do parasito – trofozoítos jovens (anéis), trofozoítos maduros, formas irregulares, esquizontes jovens e esquizontes maduros.

b) sexuado
Após um período de replicação assexuada, alguns merozoítos se diferenciam em gametócitos machos e fêmeas, que amadurecem sem divisão celular e tornam-se infectantes aos mosquitos. A função desses gametócitos é reprodutiva. Eles podem ser de dois tipos, diferenciados microscopicamente nos esfregaços sangüíneos: os microgametócitos (masculinos - m) e os macrogametócitos (femininos - f).
Na hematofagia/repasto o Anopheles ingere as formas sanguíneas do parasito, mas só os gametócitos serão capazes de evoluir. No intestino do inseto o microgametócito (m) fecunda o macro (f), gerando oocistos e depois esporozoítos, que são a forma infectante no vertebrado.

  • Diagnóstico microscópico


Para a espécie P. falciparum:
a) gametócito (bananinha) é típico de falciparum.



b) anel do trofozoíto com duas cromatinas


Para P. vivax:
a) nunca tem duas cromatinas
b) causa um aspecto de sujeira, deixando a hemácia amarelada. O falciparum deixa a hemácia da mesma cor da não parasitada, não altera.

Algumas hemácias apresentam um aspecto sujo. Isto é causado pela lise de hemoglobina, causada pela enzima hemoglobilisina.

Sintomatologia
Três fases podem ser reconhecidos no acesso malárico/ataque paroxístico (rompimento eritrocitário):
1ª fase: calafrios. De 15min a 1h. Fase de alerta. Início da liberação de TNF-a;
2ª fase: sensação de calor. De 2h a 4h. temperatura entre 39 e 41°C. Muito TNF-a. Convulsão.
3ª fase: sudorese. Alívio.

De forma geral, é a tríade febre, calafrio e dor de cabeça. Sintomas gerais – como mal-estar, dor muscular, sudorese, náusea e tontura – podem preceder ou acompanhar a tríade sintomática.


  • Diagnóstico


- área endêmica.
- clínica do paciente + periodicidade dos acessos > auxílio na descoberta da espécie
- pesquisa de antígeno por imunocromatografia e anticorpo (sorologia)
- pesquisa do parasita por gota espessa ou QBC.
- Biologia molecular: PCR

- Exames complementares
QBC: tubo capilar com laranja de acridina + sangue. Centrifuga. Quebra o capilar e pega as hemácias superficiais, menos densas, as parasitadas. Imunofluorescência. É 8x mais sensível que a GE. Esta é mais usada pela simplicidade e preço.
Exames complementares: hemograma (anemia hemolítica), bilirrubina elevada, aminotransferase (AST/TGO alta), coagulação baixa, potássio elevado no início da infecção (câimbra).
Na forma grave pode haver insuficiência renal devido aos imunocomplexos que passam pelos néfrons (glomerulonefrite).
Antes do ataque paroxístico se acha esquizonte. Durante o ataque, merozoíto. Após, trofozoíto e gametócitos. É a melhor fase de diagnóstico, já que se achar gametócito se sabe que é falciparum, e, também pelo anel de cromatina se consegue diferenciar.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Fases da Intoxicação

Desde o momento em que o agente químico entra em contato com o agente biológico, até o momento em que a intoxicação é visualizada através dos sinais e sintomas clínicos, ocorrem uma serie de etapas metabólicas que compõem a chamada Fases da Intoxicação, que são quatro:


1. Fase de Exposição

2. Fase Toxicocinética

3. Fase Toxicodinâmica

4. Fase Clínica


É essencial lembrar que: mais do que da dose administrada, a resposta é função da concentração do agente tóxico (AT) que interage com o receptor biológico; e que a concentração do AT no sítio de ação é dependente das duas primeiras fases da intoxicação.

 

1) Fase de ExposiçãoExposição é a medida do contato entre o AT e a superfície corpórea do organismo e sua intensidade depende de fatores, tais como via ou local de exposição. As principais vias de exposição, através das quais os AT são introduzidos no organismo são:

         - Via gastrintestinal (ingestão)

         - Via pulmonar (inalação)

         - Via cutânea (contato)

Embora não tão importante para a Toxicologia como estas três, existe também a via parenteral. A via de introdução influi tanto na potência quanto na velocidade de aparecimento do efeito tóxico. A ordem decrescente de eficiência destas vias é:



Estas vias ganham maior ou menor importância, de acordo com a área da Toxicologia em estudo. Assim, a via pulmonar e a cutânea são as mais importantes na Toxicologia Ambiental e Ocupacional, a via gastrointestinal na Toxicologia de Alimentos, de Medicamentos, em casos de suicídios e homicídios, e a via parenteral tem certa importância na Toxicologia Social e de Medicamentos (Farmacotoxicologia).

Intoxicação e Classificação dos Efeitos Tóxicos

INTOXICAÇÃO

É um conjunto de efeitos adversos produzidos por um agente físico ou químico em decorrência de sua interação com o sistema biológico, representado pelos sinais e sintomas que revelam o desequilíbrio orgânico produzido pela interação. É, em outras palavras, o estado patológico provocado pelo agente tóxico, em decorrência de sua interação com o organismo.
Logicamente, o efeito tóxico só será produzido, se a interação com o receptor biológico apropriado ocorrer em dose e tempo suficientes para quebrar a homeostasia do organismo. Existem, então, na grande maioria das vezes, uma série de processos envolvidos, desde o contato do agente tóxico com o organismo, até o sintoma clínico que revela esta interação. Isto permite dividir a intoxicação em 4 fases distintas, a saber:

Fase de Exposição: corresponde ao contato do agente tóxico com o organismo. Representa a disponibilidade química das substâncias químicas e passíveis de serem introduzidas no organismo.
Fase Toxicocinética: consiste no movimento do AT dentro do organismo. É formada pelos processos de absorção, distribuição, armazenamento e eliminação (biotransformação e excreção). Todos esses processos envolvem reações mútuas entre o agente tóxico e o organismo, conduzindo à disponibilidade biológica.
Fase Toxicodinâmica: corresponde à ação do AT no organismo. Atingindo o alvo, o agente químico ou seu produto de biotransformação interage biológicamente causando alterações morfológicas e funcionais, produzindo danos.
Fase Clínica: corresponde à manifestação clínica dos efeitos resultantes da ação tóxica. É o aparecimento de sinais e sintomas que caracterizam o efeito tóxico e evidenciam a presença do fenômeno da intoxicação.

(Confira nossa postagem sobre as FASES DA INTOXICAÇÃO!)

EFEITOS TÓXICOS

São os efeitos adversos causados por substâncias químicas. Assim, todo o efeito tóxico é indesejável e nocivo. Mas nem todos efeitos indesejáveis são tóxicos.

Os efeitos tóxicos podem ser classificados como:


Exame de Rotina da Urina: exames físico-químicos e sedimentoscopia

            O exame mais comumente realizado na urina é denominado Exame de Rotina da Urina, também conhecido como EAS. Para a realização do EAS é necessária a coleta de urina de jato médio, efetuada após rigorosa higiene dos genitais. A urina de jato médio é colhida desprezando-se a parte inicial da micção, preenchendo-se o coletor e desprezando-se o restante. Esse procedimento visa a eliminar resíduos e bactérias eventualmente presentes na urina. Coletores limpos de boca larga devem ser utilizados, estando disponíveis em farmácias e laboratórios clínicos. O ideal é a coleta da primeira urina da manhã, efetuada de preferência no próprio laboratório. A urina pode ser coletada também por sondagem uretral ou punção suprapúbica, em casos especiais. Colhida desta maneira, a urina do paciente normal é um líquido estéril. O EAS é um exame complexo, constituindo-se de pelo dos seguintes procedimentos:

Avaliação da COR (normalmente amarela ou amarela clara) e do ASPECTO (límpido ou turvo) são determinados por observação direta; neste mesmo momento, pode-se atentar e registrar eventuais odores anormais.
A hematúria (sangue na urina) confere à urina uma cor de laranja a vermelha, podendo estar presentes rajas de sangue.
Medicamentos podem conferir à urina tons diversos, como verde ou laranja escuro; outros estados patológicos podem resultar em alteração da cor da urina pela presença de pigmentos, sangue ou resíduos do metabolismo.
A presença de bactérias ou elementos celulares (produzidos por descamação a partir de várias partes do sistema urinário) em quantidade anormal pode resultar em um aspecto turvo.
Alguns medicamentos, como a Penicilina, produzem odor característico;
Na infecção do trato urinário, a urina pode apresentar um odor desagradável.


Formação da Urina


       A unidade funcional do rim é o néfron, formado pelo glomérulo, pela alça descendente e ascendente de Henle e pelos túbulos contorcidos distal e proximal, os quais terminam nos ductos coletores.

            Cada porção do néfron tem uma função na formação da urina. A cada minuto, o rim normal é perfundido por cerca de 1.200 mL de sangue, a partir dos quais são produzidos de 1 a 2ml de urina. O sangue é inicialmente filtrado na cápsula de Bowman (componente do glomérulo), gerando um ultrafiltrado (volume aproximado: 1,80 L a cada 24 horas) que passará pelos túbulos contorcidos e pela alça de Henle, terminando nos túbulos coletores.




terça-feira, 16 de julho de 2013

Métodos Alternativos de Análise Bacteriológica de Água

O grupo coliforme é composto por bactérias não só do intestino de mamíferos, como é o caso da Escherichia coli, mas também de outras de origem ambiental, sendo Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter. Os coliformes são utilizados como indicadores da qualidade de água.
Como já vimos aqui no bioneogenios, a técnica mais utilizada para análise bacteriológica da água é de tubos múltiplos. Entretanto, por falta de tempo, espaço ou algum outro fator, alguns laboratórios preferem adotar sistemas mais rápidos e práticos, chamados métodos alternativos, conforme veremos a seguir.

Presença e Ausência (P.A)                                                                                                                     
                                                                                
É bem semelhante à técnica dos tubos múltiplos, sendo muito usada por órgãos de fiscalização, como a Vigilância Sanitária. É um método qualitativo – apenas diz se há ou não a presença de coliformes na água.
Vantagens: baixo custo; precisa de pouco meio de cultura (em relação à técnica de tubos múltiplos); simples; suja pouca vidraria; é rápido e apresenta o resultado em 24h.
Desvantagens: não consegue distinguir os termotolerantes; utiliza toda a amostra, eliminando a possibilidade de repetir a análise; não quantitativo; alta probabilidade de falsos negativos.
Técnica: Aqui utilizamos o caldo lactosado em concentração tripla, uma vez que vai adicionar ao meio os 100 ml da amostra. O diferencial é que não é feito em tubo de ensaio com tubos de Durham mas em um erlenmeyer contendo um tubo de ensaio invertido, para captar o gás produzido. Adiciona-se um indicador chamado púrpura de bromocresol, que identifica o pH produzido pelos ácidos resultantes do metabolismo das bactérias. Quando acidifica o ambiente o indicador muda para amarelo. Aí está a importância do tubo invertido: algumas bactérias (sem ser do grupo coliforme) produzem ácidos em suas fermentações, o que causaria um falso positivo – como se sabe, uma das características de identificação do grupo coliforme é a produção de gases resultante da fermentação de glicose e lactose, sendo estes gases aprisionados no tubo invertido.

domingo, 14 de julho de 2013

Adaptação, dano e morte celular

RESPOSTAS CELULARES AO ESTRESSE E AOS ESTÍMULOS NOCIVOS

                   A célula normal está confinada, pelos programas genéticos de seu metabolismo, diferenciação e especialização, a uma variação muito limitada de função e estrutura; pela repressão das células vizinhas; e pela disponibilidade de substratos metabólicos. Entretanto, ela é capaz de lidar com exigências fisiológicas normais, mantendo um estado estável chamado de homeostasia. Estresses fisiológicos mais severos e alguns estímulos patológicos podem desencadear um grande número de adaptações celulares fisiológicas e morfológicas durante as quais são alcançados novos estados de estabilidade, porém alterados, preservando a viabilidade da célula e modulando sua funções conforme ela responde a tais estímulos. A resposta adaptativa pode consistir em um aumento no número de células, chamado de hiper-plasia, ou em um aumento no tamanho de cada célula, chamado de hiper-trofia. Por outro lado, a atrofia é uma resposta adaptativa na qual existe uma redução no tamanho e na função das células.
             Se os limites da resposta de adaptação a um estímulo são excedidos, ou em determinadas circunstâncias quando a célula é exposta a um agente lesivo ou estresse, ocorre uma sequência de eventos que é chamada de lesão celular. A lesão celular é, até certo ponto, reversível, mas se o estímulo persistir ou for severo o suficiente desde o início, a célula atinge um “ponto em que não retorno”, e sofre lesão celular “irreversível”, e, finalmente, morte celular. Adaptação, lesão reversível e morte celular podem ser considerados estágios de um dano progressivo das funções e estruturas celulares normais. Por exemplo, em resposta a cargas hemodinâmicas crescentes, o coração primeiro se alarga, o que representa uma forma de adaptação. Se o suprimento sanguíneo para o miocárdio não for suficiente para a demanda, o músculo sofre lesão irreversível e finalmente ocorre a morte celular.
            A morte celular, o resultado final da lesão celular, é um dos eventos mais cruciais na evolução da doença em qualquer tecido ou órgão. Ela resulta de diversas causas, incluindo a isquemia (falta de fluxo sanguíneo), infecção, toxinas e reações imunológicas. Além disso, a morte celular é uma parte normal e essencial da embriogênese, desenvolvimento dos órgãos, manutenção da homeostasia e o objetivo que se quer alcançar no tratamento do câncer. Existem dois padrões principais de morte celular, necrose e apoptose. A necrose é o tipo de morte celular que ocorre após estresses anormais como isquemia e lesão química, sendo sempre patológica. A apoptose ocorre quando a célula morre devido á ativação de um programa de suicídio controlado internamente. É projetado para eliminar células indesejáveis durante a embriogênese e em vários processos fisiológicos, como a involução de tecidos responsivos a hormônios após a retirada dos mesmos. Também ocorre em determinadas condições patológicas, quando as células estão danificadas de tal forma que não podem ser reparadas, e especialmente se a lesão afeta o DNA celular.

             Diferentes tipos de estresse podem induzir alterações nas células e nos tecidos além dos processos de adaptação, lesão celular e morte. As células que são expostas a estímulos sub-letais ou crônicos podem não ser danificadas mas podem demonstrar uma variedade de alterações sub-celulares. As alterações metabólicas nas células podem estar associadas com a deposição intra-celular de várias substâncias, incluindo proteínas, lipídios e carboidratos. O cálcio é geralmente depositado nos locais de morte celular, resultando em calcificação patológica. Finalmente, o envelhecimento celular também é acompanhado de alterações morfológicas e funcionais características.






ADAPTAÇÃO CELULAR AO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO

             As células respondem ao aumento da demanda e ao estímulo externo por meio da hiper-plasia ou hiper-trofia, e respondem á redução de nutrientes e de fatores de crescimento pela atrofia. Em algumas situações, as células mudam de um tipo para outro, um processo conhecido como metaplasia. Existem vários outros mecanismos moleculares para a adaptação celular. Algumas formas de adaptação são induzidas através da estimulação direta das células pelos fatores produzidos pelas próprias células afetadas ou por outras células no ambiente que as circunda. Outras ocorrem devido á ativação de vários receptores na superfície celular e vias de sinalização a jusante. As adaptações podem estar associadas com a indução da síntese de novas proteínas pelas células-alvo, como na resposta das células musculares pelo aumento das exigências físicas, e a estimulação da proliferação celular, como ocorre na resposta do endométrio ao estrogênio.

(...)

Diabetes

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sábado, 13 de julho de 2013

Prova da DNAse: Identificação de Staphylococcus aureus

O teste de DNase é usado para detectar a degradação do Ácido Desoxirribonucleico (DNA), contido no meio de cultura, por bactérias que possuem uma enzima extracelular, a desoxirribonuclease, responsável pela reação. 
A enzima quebra o DNA em subunidades compostas de nucleotídeos. 
O teste é útil para diferenciar Serratia do gênero Enterobacter; Staphylococcus aureus de Staphylococcus coagulase negativa e Moraxella catarrhalis de espécies de Neisseria
Após a incubação do meio com a cepa do teste, a placa é inundada com ácido clorídrico que, por sua vez, provoca a precipitação do DNA polimerizado, tornando o meio opaco. Os organismos que degradam o procedimento do DNA produzem uma zona transparente em volta da área de crescimento. 
Sendo assim, a zona clara em volta da colônia indica reação positiva. Caso não haja atividade dessa enzima o HCl reagirá com o ácido nucléico intacto, formando um precipitado.


Correção: aos 36 segundos do vídeo falei a palavra "catalase", mas na verdade quis dizer "DNAse".

Diferenciando Staphylococcus e Streptococcus: Prova da Catalase

Nesse vídeo aprenderemos como fazer a prova da enzima catalase.
Esta enzima atua sobre a água oxigenada (peróxido de hidrogênio) transformando-a em oxigênio e água.
A prova é considerada positiva quando há borbulhamento ou efervescência devido à liberação do oxigênio. A catalase é produzida por muitos microrganismos e é usualmente empregada para diferenciar Staphylococcus, que são catalase positivos de Streptococcus, catalase negativos, ou os bacilos Gram positivos catalase negativos Lactobacillus e Erysipelothrix de Listeria e a maioria dos Corynebacterium catalase positivos.


Tuberculose

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Hemofilia

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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Princípios das principais provas bioquímicas bacteriológicas

A investigação das atividades metabólicas das bactérias “in vitro” é chamada de Provas Bioquímicas e servem para auxiliar o microbiologista a identificar grupos ou espécies de bactérias através da verificação das transformações químicas, que ocorrem num determinado substrato, pela ação das enzimas de um dado microrganismo. 
Como muitas vezes um determinado microrganismo possui um sistema enzimático específico, promovendo transformação bioquímica específica, as provas bioquímicas podem ser utilizadas na prática para a sua caracterização, como você acompanhou nas postagens anteriores sobre Identificação de Cocos Gram +Identificação de Enterobactérias e Bacilos Gram negativos não fermentadores.


Veremos agora qual o princípio e as principais reações químicas que acontecem nos principais testes bioquímicos.

Produção de catalase
Esta enzima atua sobre a água oxigenada (peróxido de hidrogênio 3 a 5%) transformando-a em oxigênio e água. A prova é feita colocando uma gota de solução aquosa de peróxido de hidrogênio a 3-5% numa lâmina e, em seguida, com uma alça de platina, colocar uma porção do crescimento bacteriano sobre a gota. Ou de outra forma, adicionando-se 0,5 ml da mesma solução a uma cultura em meio líquido ou em ágar inclinado. A prova é considerada positiva quando há borbulhamento ou efervescência devido à liberação do oxigênio. A catalase é produzida por muitos microrganismos e é usualmente empregada para diferenciar Staphylococcus, que são catalase positivos de Streptococcus, catalase negativos, ou os bacilos Gram positivos catalase negativos Lactobacillus e Erysipelothrix de Listeria e a maioria dos Corynebacterium catalase positivos.



Prova da citocromo-oxidase
Este sistema enzimático está relacionado com os citocromos da cadeia respiratória de alguns microrganismos. A prova consiste em colocar uma gota do reagente incolor tetrametil p-fenileno de amina, recém preparado e protegido da luz, em um papel de filtro. Em seguida, várias colônias do microrganismo em estudo são espalhadas sobre a área do papel de filtro contendo o reagente, utilizando uma alça de platina ou um bastão de vidro. A prova é considerada positiva quando na mistura do reagente com a massa bacteriana desenvolve-se a cor púrpura em até 1 minuto (ou de acordo com as instruções do fabricante da tira de papel filtro). Na reação negativa não há desenvolvimento de cor púrpura. As enterobactérias são oxidase negativas e podem ser diferenciadas de outros bacilos Gram negativos. A prova pode ser feita também em culturas em meios sólidos, adicionando-se o reagente oxalato de p-aminodimetilanilina. A reação inicia-se com o desenvolvimento de cor rósea, marrom e finalmente uma coloração negra na superfície das colônias é indicativa da produção de citocromo-oxidase, representando um teste positivo. O teste é negativo se não ocorrer alteração da cor ou houver o desenvolvimento de uma cor rósea pálida



Utilização do citrato como única fonte de carbono
Alguns microrganismos como a E. coli não possuem a permease do citrato, que faz o transporte do citrato para o interior da célula, não conseguindo portanto crescer no meio contendo como única fonte de carbono o citrato, embora possuam as enzimas, intracelulares, que degradam o citrato. A prova é feita semeando-se a bactéria no meio sólido inclinado de citrato de Simmons, contendo azul de bromotimol como indicador, o qual em pH 6,8 a 7,0 apresenta-se verde. A prova positiva resulta no transporte do citrato pela permease e a sua utilização pela enzima citratase resulta na formação de oxaloacetato e acetato. O consumo do citrato induz a clivagem do fosfato de amônia, alcalinizando o meio. Também, com o metabolismo do citrato há formação de carbonatos que alcalinizam o meio, de modo que a cor do indicador vira para azul. Na prova negativa o meio não se altera pois não há crescimento microbiano. Por esse motivo a inoculação deve ser feita com agulha e em linha reta para não haver influência de ingrediente do meio de onde se originou a cultura, dando resultados falso-positivos.



Prova da produção de urease
A urease é uma enzima que degrada a uréia em duas moléculas de amônia e uma de anidrido carbônico. A prova consiste em transferir uma porção do crescimento bacteriano com uma alça para o meio contendo uréia, pH neutro e um indicador de pH, o vermelho fenol. Após o crescimento a prova é revelada positiva quando a urease ataca a uréia alcalinizando o meio que toma a coloração rosa choque. Na prova negativa não há alteração da cor do meio. Os organismos do gênero Proteus são urease positivos, diferentemente da maioria das enterobactérias.


Meios de Cultura Bacteriológicos


É importante que o profissional conheça cada meio de cultura e os adeque ao perfil bacteriano esperado para cada material.

Alguns procedimentos são essenciais na hora da preparação de cada meio de cultura para a obtenção de melhores resultados e evitar contaminações.

O processo de autoclavação deve ser realizado sempre a 121ºC durante 15 minutos, sob pressão de 1 atm.
Quando distribuir o meio antes de autoclavar, os tubos não precisam estar esterilizados; quando distribuir o meio após a autoclavação, os tubos, frascos, placas, pipetas e vidrarias ou materiais auxiliares obrigatoriamente devem ser estéreis e os meios devem ser autoclavados com as tampas semi-abertas, para que a esterilização seja por igual em todo o conteúdo dos tubos. 


Vejamos abaixo os meios de cultura mais utilizados na rotina clínica de bacteriologia:


Ágar nutriente
Meio relativamente simples, de fácil preparo e barato, muito usado nos procedimentos do laboratório de microbiologia.
Utilidade: análise de água, alimentos e leite como meio para cultivo preliminar das amostras submetidas à exames bacteriológicos e isolamento de organismos para culturas puras, conservação e manutenção de culturas em temperatura ambiente, como método opcional para os laboratórios que não dispõem do método da criopreservação (congelamento das cepas em freezer à - 80ºC) e observação da esporulação de espécies de bacilos Gram positivos.
Cor original do meio: branco opalescente
Positivo: Crescimento na superfície do ágar;
Negativo: Ausência de crescimento.

Ágar Sangue de Carneiro (5%)
O meio, usando uma base rica formada a partir do Ágar Mueller-Hinton, oferece ótimas condições de crescimento a maioria dos microrganismos. A conservação dos eritrócitos íntegros favorecem a formação de halos de hemólise nítidos, úteis para a diferenciação de Streptococcus spp. e Staphylococcus spp.
É utilizado no isolamento de microrganismos não fastidiosos, verificação de hemólise dos Streptococcus spp. e Staphylococcus spp. e usado na prova de satelitismo (para identificação presuntiva de Haemophilus spp.).
A cor original do meio é vermelho.
Beta hemólise: presença de halo transparente ao redor das colônias semeadas (lise total dos eritrócitos).
Alfa hemólise: presença de halo esverdeado ao redor das colônias semeadas (lise parcial dos eritrócitos).
Gama hemólise (sem hemólise): ausência de halo ao redor das colônias (eritrócitos permanecem íntegros).
 

Microrganismos de Interesse em Alimentos

Compreendem os fungos, bactérias e vírus.

BOLORES                                                                                                                                                  

São formados por hifas, que em conjunto, compõem o micélio. Este pode ter duas funções diferentes: promover a fixação do bolor ao substrato e promover a reprodução através de esporulação.
Bolores são menos exigentes que leveduras e bactérias em relação à umidade, pH, temperatura e nutrientes. Em sua maioria são seres aeróbios, razão pela qual sua principal forma de crescimento nos alimentos é a superficial - onde há maior contato com o ar.
Alguns gêneros de bolores de interesse: Alternaria, Aspergilus, Cladosporium, Claviceps, Fusarium, Geotrichum, Neurospora, Penicillium, Rhizopus, entre outros.




LEVEDURAS                                                                                                                                            

Predominantemente unicelulares. Podem ser esféricas, ovoides, cilíndricas ou triangulares. Algumas são alongadas, semelhante às hifas de bolores.
De modo geral, as leveduras requerem menos umidade que as bactérias e mais que os bolores. Crescem entre 25°C e 30°C, favorecidas pelo pH ácido. Multiplicam-se melhor em aerobiose. Açúcares são a melhor fonte de energia, embora leveduras oxidativas sejam capazes de oxidar álcool e ácidos orgânicos.
As de maior interesse de alimentos são:
Candida - encontradas em carne fresca bovina e de aves. Deterioração de frutas frescas, vegetais, laticínios, bebidas alcoólicas e refrigerantes.
Cryptococcus - não fermentativos. Mais encontrado em frutas.
Rhodotorula - contém algumas espécies psicrotróficas. Produtoras de pigmento avermelhado. Relacionadas a alterações de cor em carnes, laticínios e fermentados.
Saccharomyces - empregadas para as mais variadas atividades: produção de pães, bebidas (vinho, cerveja), álcool, glicerol, invertase e outros processos biotecnológicos.
Torulospora - a única espécie importante em alimentos é T. delbruecki, associada à deterioração de frutas, cervejas, refrigerantes, pães e queijos. Por ser osmofílica pode ser encontrada em alimentos com alto teor de açúcar, como mel.

BACTÉRIAS                                                                                                                                                      

Gram-Negativas, aeróbias e microaeróbias
A principal representante é a Campylobacter. É um patógeno causador de gastrenterite de origem alimentar.

Gram-Negativas, aeróbias estritas
Inclui-se alguns gêneros como Pseudomonas, Xanthomonas, Acinetobacter, Alcaligenes, Brucella, Halobacterium, Moraxella  e Psychrobacter.
As Pseudomonas merecem bastante atenção devido ao seu intenso metabolismo, grande quantidade de produtos metabólicos, produção de pigmentos hidrossolúveis e enzimas proteolíticas e lipolíticas. As espécies psicrotróficas são encontradas em alimentos refrigerados e até congelados.
A Brucella é fonte de contaminação de leite cru e laticínios. São facilmente eliminados na pasteurização.

Gram-Negativas, anaeróbias facultativas
Enterobacteriaceae e Vibrionaceae.
Principais representantes: Citrobacter (grupo coliforme), Edwardsiella, Enterobacter, Erwinia (causa mais doenças em plantas), Escherichia (cuja principal espécie é a E. coli, pertencente ao grupo dos coliformes fecais. Algumas espécies são patogênicas para o homem), Klebsiella (grupo coliforme), Proteus, Salmonella (causadora de enterocolites e febre tifoide), Shigella, Yersinia e Vibrio (encontrado em alimentos marinhos).

Cocos Gram-Positivos
Micrococcus: encontrado em leites, carcaças de animais e produtos cárneos. Associado à deterioração destes produtos.
Staphylococcus: o S. aureus é o principal representante, sendo uma bactéria capaz de produzir enterotoxinas termorresistentes nos alimentos. Também são indicadores de contaminação por manipulação - uma vez que são encontrados na pele e em feridas expostas em seres humanos.
Enterococcus: duas espécies importantes: E. faecalis e E. faecium. Indicadores de contaminação fecal.
Lactobacillus: são de interesse industrial, especialmente em produtos lácteos. Sua fermentação contribui na formação de novos alimentos, como leites fermentados e iogurtes.
Vagococcus: peixes, fezes, água e alimentos.

Bacilos Gram-Positivos Formadores de Esporos
São bactérias que produzem esporos. Os esporos são estruturas que abrigam material genético envolvido por várias camadas de mucopeptídeo e capas externas de natureza proteica. São resistentes ao calor, radiação, compostos químicos, congelamento e desidratação. Sua reversão de esporo a forma vegetativa pode resultar na multiplicação bacteriana e produzir toxinas. Abriga os gêneros:
Bacillus: encontrado em solo, água, fezes e alimentos. A espécie B. cereus é patogênica, encontrada em cereais.
Clostridium: duas principais espécies, bastante patogênicas, são C. botulinum e C. perfringens.

Bacilos Gram-Positivos Não Esporulados
Em relação à patogenicidade, quem merece destaque é o gênero Listeria, que, quando presente na corrente sanguínea, pode resultar em abortos, endocardite, conjuntivite e meningite.

A espécie Mycobacterium tuberculosis pode ser veiculada no leite cru e causar tuberculose. Felizmente é destruído na pasteurização.

VÍRUS                                                                                                                                                      

Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, ou seja, para se multiplicarem necessitam estar dentro de uma célula viva, se aproveitando de sua maquinaria metabólica. Os vírus de maior importância nos alimentos são os que causam hepatite A, poliomielite e gastrenterites (como no caso do rotavírus e do Norwalk).

Sensível e específico

Os exames são classificados de acordo com sua sensibilidade, isto é, sua capacidade de mostrar resultados positivos quando há uma doença, e também de sua especificidade, que é a probabilidade de um resultado ser negativo quando não há doença.

Sensível
O teste sensível se depara com o problema de apresentar, algumas vezes, o que é chamado de "falso positivo". Isto quer dizer que um exame muito sensível pode acusar a doença em uma pessoa saudável.
Este tipo de método é bastante empregado em rastreamento e triagem de doenças. Costuma ser mais barato e rápido.

Específico
Geralmente o teste específico dá resultados negativos quando a doença não está presente. Entretanto, há a possibilidade de não detectar a enfermidades em pessoas que a possuem. É bastante empregado na confirmação de suspeitas de condições clínicas. Elimina dúvidas deixadas em um resultado positivo obtido em um exame sensível.
Ex.: Um paciente submeteu-se a um teste rápido, sensível, para detecção de HIV. O resultado se mostrou positivo. Para eliminar a dúvida, o médico solicitou um PCR, muito mais específico, para confirmar a presença ou não do HIV.

Em suma, os exames caracterizados sensíveis e específicos são ferramentes muito importantes no diagnóstico de enfermidades - especialmente quando se utiliza de um para confirmar o outro.