quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Noções Básicas de Epidemiologia



A Epidemiologia é a ciência que estuda os padrões da ocorrência de doenças em populações humanas e os fatores determinantes destes padrões. Ainda aborda o processo saúde-doença em “grupos de pessoas” que podem variar de pequenos grupos até populações inteiras.
Antigamente, a epidemiologia era mais reconhecida por se dedicar a epidemias de doenças transmissíveis. Atualmente reconhece-se que ela trata de qualquer doença (evento) da população.
Suas aplicações variam desde a descrição das condições de saúde da população, da investigação dos fatores determinantes de doenças, da avalia- ção do impacto das ações para alterar a situação de saúde até a avaliação da utilização dos serviços de saúde, incluindo custos de assistência.
Assim, a epidemiologia contribui para o entendimento da saúde da população - partindo dos fatores que a determinam e provendo meios para a prevenção das doenças.

Prevenções
As ações primárias dirigem-se à prevenção das doenças ou manutenção da saúde. Exemplo: a interrupção do fumo na gravidez seria uma importante medida de ação primária, já que mães fumantes, no estudo de coorte de Pelotas de 1993, tiveram duas vezes maior risco para terem filhos com retardo de crescimento intra-uterino e baixo peso ao nascer.
Após a instalação do período clínico ou patológico das doenças, as ações secundárias visam a fazê-lo regredir (cura), ou impedir a progressão para o óbito, ou evitar o surgimento de sequelas.
A prevenção através das ações terciárias procura minimizar os danos já ocorridos com a doença. Exemplo: a bola fúngica que, usualmente é umresí- duo da tuberculose e pode provocar hemoptises severas, tem na cirurgia seu tratamento definitivo.

Causalidade
A teoria da multicausalidade ou multifatorialidade tem hoje seu papel definido na gênese, isto é, na formação, no início das doenças.
A grande maioria das doenças advém de uma combinação de fatores que interagem entre si e desempenham importante papel na determinação das mesmas. Como exemplo dessas múltiplas causas – chamadas causas contribuintes – utilizaremos o câncer de pulmão. Nem todo fumante desenvolve câncer de pulmão, o que indica que há outras causas contribuindo para o aparecimento dessa doença. Entretanto, descendentes de primeiro grau de fumantes com câncer de pulmão tiveram 2 a 3 vezes maior chance de desenvolverem a doença do que aqueles sem a doença na família; isso indica que há uma suscetibilidade familiar aumentada para o câncer de pulmão. A ativação dos oncogenes dominantes e inativaçãode oncogenes supressores reforçam o papel de determinantes genéticos.

Indicadores de Saúde
Para que a saúde seja quantificada e para permitir comparações na população, utilizam-se os indicadores de saúde. Estes devem refletir, com fidedignidade, o panorama da saúde populacional. É interessante observar que, apesar desses indicadores serem chamados Indicadores de Saúde, muitos deles medem doenças, mortes, gravidade de doenças.
Esses indicadores podem ser expressos em termos de frequência absoluta ou como frequência relativa, onde se incluem os coeficientes e índices. Os valores absolutos são os dados mais prontamente disponíveis e, frequentemente, usados na monitoração da ocorrência de doenças infecciosas; especialmente em situações de epidemia. Alguns dos indicadores de saúde mais importantes são:
· Mortalidade/sobrevivência
· Morbidade/gravidade/incapacidade funcional
· Nutrição/crescimento e desenvolvimento
· Aspectos demográficos
· Condições socioeconômicas
· Saúde ambiental
· Serviços de saúde


Coeficientes (ou taxas ou rates)
São as medidas básicas da ocorrência das doenças em uma determinada população e período. Para o cálculo dos coeficientes ou taxas, considera-se que o número de casos está relacionado ao tamanho da população que lhes deu origem. O numerador refere-se ao número de casos detectados que se quer estudar (por exemplo: mortes, doenças, fatores de risco etc.), e o denominador refere-se a toda população capaz de sofrer aquele evento é a chamada população em risco. O denominador, portanto, reflete o número de casos acrescido do número de pessoas que poderiam tornar-se casos naquele período de tempo.

Morbidade
Muitas doenças causam importante morbidade, mas baixa mortalidade, como a asma. Morbidade é um termo genérico usado para designar o conjunto de casos de uma dada afecção ou a soma de agravos à saúde que atingem um grupo de indivíduos. As medidas de morbidade mais utilizadas são:

a)      Medida de Prevalência - mede o número total de casos, episódios ou eventos existentes em um determinado período no tempo. O coeficiente de prevalência, portanto, é a relação entre o número de casos existentes de uma determinada doença e o número de pessoas na população, em um ponto no tempo. Esse coeficiente pode ser multiplicado por uma constante, pois, assim, torna-se um número inteiro fácil de interpretar (essa constante pode ser 100, 1.000 ou 10.000).

b)      Medida da Incidência - mede o número de casos novos de uma doença, episódios ou eventos na população dentro de um período definido de tempo. É um dos melhores indicadores para avaliar se uma condição está diminuindo, aumentando ou permanecendo estável, pois indica o número de pessoas da população que passou de um estado de não-doente para doente. O coeficiente de incidência é a razão entre o número de casos novos de uma doença que ocorre em uma comunidade, em um intervalo de tempo determinado, e a população exposta ao risco de adquirir essa doença no mesmo período. A multiplicação por uma constante tem a mesma finalidade descrita acima para o coeficiente de prevalência.

Mortalidade
O número de óbitos (assim como o número de nascimentos) é uma importante fonte para avaliar as condições de saúde da população. As medidas ou coeficientes de mortalidade mais utilizada(o)s são:
· Coeficiente de mortalidade geral
· Coeficiente de mortalidade infantil
· Coeficiente de mortalidade neonatal precoce
· Coeficiente de mortalidade neonatal tardia
· Coeficiente de mortalidade perinatal
· Coeficiente de mortalidade materna

Letalidade
A letalidade refere-se à incidência de mortes entre portadores de uma determinada doença dividida pela população de doentes.



Totalmente extraído de Ana M. B. Menezes. Noções Básicas de Epidemiologia. Disponível em: http://www.mpto.mp.br/static/caops/patrimonio-publico/files/files/nocoes-de-epidemiologia.pdf


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