quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Transição Nutricional no Brasil

Nos últimos 50 anos, o Brasil experimentou mudanças substanciais em termos de política, esporte, educação e saúde, seja pelo mundo globalizado, seja por seus processos históricos próprios.
No processo saúde/doença populacional, vemos transformações notórias, sobretudo no âmbito nutricional. Observam-se alterações de quantidade e de qualidade da deita, mudanças de estilo de vida e nas condições econômicas, sociais e demográficas.
O que antes se estudava na epidemiologia nutricional eram as carências nutricionais, isto é, os problemas relacionados à desnutrição e à falta de alimentos. O panorama social moderno do Brasil indica que os problemas mais gritantes relacionados à saúde ligada à alimentação referem-se ao excesso de consumo energético, que ocasiona sobrepeso e obesidade. A partir destes dois, o número de doenças crônicas não-transmissíveis (como doenças cardiovasculares, cânceres, hipertensão etc.) cresceu exponencialmente e figuram como os principais vilões que ameaçam a nossa saúde.

Mudanças na sociedade e no padrão de alimentação
Sobre as transformações demográficas, passamos de uma população rural para a condição de um país essencialmente urbano (80% de pessoas em centros urbanos). A inserção da mulher no mercado de trabalho retirou a imagem de “dona do lar”; com isso, o desempenho reprodutivo (antigamente de cerca de 6 filhos por família) foi drasticamente reduzido (2 a 3 filhos). Em função disso, houve uma transformação na qualidade da alimentação, onde a mulher não dispõe mais de tanto tempo para o preparo das refeições, dando-se preferência a comidas congeladas, industrializadas, de baixo valor nutritivo, lanches, doces, refrigerantes, álcool, excesso de ácidos graxos trans, sal e gorduras.

Redução das atividades físicas
Simultaneamente à ingestão excessiva de energia – representada pelos alimentos industrializados, gordurosos e pouco nutritivos – a população brasileira vivencia uma acentuada redução do nível de atividade física. Os fatores que explicam este fato:

- redistribuição de ocupações setoriais: mudança da agricultura para a indústria;
- trabalhos com menos esforço físico: com o aumento da tecnologia o trabalho braçal não é mais tão necessário;
- modificações das atividades de lazer: brincadeiras e práticas esportivas estão cada vez mais sendo substituídas por atividades sedentárias, como televisão, computador e videogame. O ato de assistir televisão ainda implica na recepção das propagandas abusivas de alimentos com alta concentração calórica;
- utilização de recursos tecnológicos: vidros elétricos, portões automáticos e escadas rolantes. Apesar de grandes aliados para poupança de tempo, são responsáveis pela redução do gasto energético com atividades consideradas simples que fazem parte do dia a dia.

Aumento do sobrepeso e da obesidade
A obesidade pode ser definida como acúmulo excessivo de gordura corporal. O padrão utilizado como ferramenta diagnóstica é o Índice de Massa Corporal (IMC).
As consequências do excesso de peso e gordura são bem perigosas. As doenças às quais os pacientes com excesso de peso e obesidade se tornam mais suscetíveis são: hipertensão arterial, hipercolesterolemias, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e cânceres.

Dez passos para o peso saudável
A lista que se segue foi divulgada pelo Ministério da Saúde para o Plano Nacional para a Promoção da Alimentação Adequada e do Peso Saudável:
1.      Comer frutas e verduras variadas, no mínimo 2 vezes ao dia;
2.      Consumir feijão pelo menos 4 vezes na semana;
3.      Evitar alimentos gordurosos;
4.      Retirar a gordura aparente das carnes e a pele do frango;
5.      Nunca pular refeições: três refeições e um lanche (fruta) por dia;
6.      Evitar refrigerantes e salgadinhos;
7.      Fazer refeições com calma e nunca em frente à televisão;
8.      Aumento da atividade física diária;
9.      Usar escadas no lugar do elevador, caminhar sempre que possível;

10.  Realizar atividades físicas durante 30 minutos todos os dias.


Fontes:
- SOUZA, Elton Bicalho. Transição nutricional no Brasil: análise dos principais fatores. Cadernos UniFOA. Volta Redonda, n 13, 2010.

- BATISTA FILHO, M & RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, 19:S181-S191. 2003. 

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