segunda-feira, 10 de junho de 2013

Análise do Líquido Seminal (Espermograma)



O sêmen é composto por 4 frações provenientes de (1) glândulas bulbouretrais e uretrais, (2) testículos e epidídimos, (3) próstata, (4) vesículas seminais. Estas frações diferem quanto à sua composição, de modo que a coleta deve ser bem feita para que a avaliação da fertilidade masculina seja precisa.
A análise consiste nas etapas de coleta do sêmen, análise macroscópica, análise microscópica, bioquímica, morfológica, de vitalidade, de células redondas (leucócitos) e processamento seminal.


Coleta                                                                                                                                                                        

As amostras devem ser colhidas em frascos de vidro, de boca larga, estéreis, após três dias de abstinência sexual. O uso de preservativos durante a coleta não são recomendados, pois podem conter substâncias espermicidas - com exceção das análises pós-vasectomia, onde a única coisa importante é a presença de espermatozoides, não sua vitalidade.
A amostra deve ser colhida através de masturbação. Preferencialmente no laboratório, em área específica, em um horário onde o fluxo de pacientes seja menor, a fim de evitar desconfortos. Se não for possível, a amostra deverá ser mantida em temperatura ambiente e entregue em no máximo uma hora após.
As amostras recentes são coaguladas e devem liquefazer-se nos trinta minutos seguintes à colheita. Portanto, é importante anotar a hora da coleta.
Obs: A análise não pode começar enquanto a liquefação não tiver ocorrido.
Os principais parâmetros a serem nos exames relacionados à fertilidade analisados são: volume, viscosidade, pH, contagem, motilidade e morfologia dos espermatozoides.

Liquefação                                                                                                                                                                 

A viscosidade do sêmen depende das proteínas que o compõe.
a) Liquefação completa - em até 60 minutos. A ação de enzimas do plasma seminal provocam hidrólise. Durante a reprodução, a liquefação atua alcalinizando o pH vaginal, permitindo que os espermatozoides sobrevivam e alcancem o útero.
b) Liquefação incompleta - uma das causas é a disfunção prostática ou infecção seminal. Forma coágulos de proteína.

Volume e viscosidade                                                                                                                                 

O volume normal de sêmen é de 2 a 5 ml, que é medido em um tubo cônico.
O volume aumentado pode ser associado a infecções seminais ou prostáticas (hiperespermia). Já a hipoespermia (volume diminuído) pode ser causado por agenesia, obstruções ou hipoplasias.
A ausência de ejaculação após orgamos é denominada  aspermia.
A viscosidade pode ser observada pela transferência do líquido para o tubo ou após homogeneização com bastão de vidro, erguendo-o e produzindo um fio. O comprimento desse fio é denominado filância, que deve ser de 3 a 5 cm. Filâncias superiores a 5 cm podem indicar infecção seminal. O gotejamento está associado à liquefação.
Algumas terminologias importantes:


Cor                                                                                                                                                                 

A cor do sêmen varia de branco opalescente a acinzentado. Tons amarelados sugerem leucoespermia, enquanto a presença do vermelho indica hemoespermia.

pH                                                                                                                                                                                                           

Varia de neutro a alcalino: 7,3 a 8,3. Pode ser medido por uma fita medidora de pH ou com o pHmetro.
A combinação de pouco volume + acidez é um bom indicador de obstrução ou agenesia dos ductos ejaculatórios, deferentes ou vesículas seminais. Um pH muito básico pode apontar para uma prostatite.

Concentração                                                                                                                                                  

De acordo com o número, a terminologia adotada é descrita a seguir:

A contagem é realizada na câmara de Neubauer ou contador.

Motilidade                                                                                                                                                          

Tão importante - talvez mais - quanto o número de espermatozoide é a sua motilidade, pois é por causa dela que conseguirão chegar ao óvulo. É avaliada em quatro graus:
  • Grau A - É o ideal. Apresenta motilidade progressiva, isto é, linear e rápida.
  • Grau B - Apesar de ainda ser progressiva, é lenta ou irregular.
  • Grau C - Sem progressão; movimentos circulares.
  • Grau D - Imóveis. Na maioria das vezes não se sabe se estão vivos ou não, sendo necessário um exame complementar de vitalidade.
Os Graus A e B somados devem representar mais da metade da população de espermatozoides. Se A, B e C juntos totalizar 75% por cento da lâmina, o indivíduo ainda é considerado capaz de fecundar.

Morfologia                                                                                                                                                          

Também é uma importante causa de infertilidade.
Na análise morfológica observa-se a cauda e a cabeça das células.
Normalmente os espermatozoides têm cabeça lisa e oval, com aproximadamente 3 x 5 µm, com cauda longa e afilada.
As anormalidades estruturais mais comuns que podem apresentar as cabeças são: duplas, gigantes, amorfas, forma de alfinete, cônicas e estranguladas.
As caudas anormais costumam ser duplas ou espiraladas.
Fonte: www.reproduccionasistida.org

Menos de 4% de espermatozoides com morfologia normal favorece um prognóstico ruim - um prognóstico positivo engloba pelo menos de 4 a 14%. Acima de 14% é excelente.

Contagem de leucócitos                                                                                                                                                          

Realizada na câmara de Neubauer.
Até 1 milhão de células globosas por ml de sêmen é considerado normal. Acima desse resultado já é considerado leucoespermia.

Análise de vitalidade                                                                                                                                                          

É realizada quando o número de espermatozoides imóveis (grau D) excede 30% da população geral.
Outra lâmina é preparada e agora será corada com eosina e nigrosina. As células que estiverem vivas não se coram.
O resultado é considerado normal se no mínimo 75% da lâmina for de espermatozoides vivos.

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