O
coração humano é uma bomba muito eficiente, durável e segura que
impulsiona diariamente mais de 6000 litros de sangue para todo o
corpo e bate mais de 40 milhões de vezes por ano durante a vida
inteira de um indivíduo e, desse modo, fornece aos tecidos um
suprimento constante de nutrientes vitais e facilita a excreção de
produtos residuais.
Conforme
pode ser previsto, a disfunção cardíaca pode estar associada a
consequências fisiológicas devastadoras. A doença cardíaca é a
principal causa de invalidez e de morte nos países industrializados.
As
principais categorias de doenças cardíacas consideradas no presente resumo incluem as anormalidades cardíacas congênitas, a
cardiopatia isquêmica, a cardiopatia causada por hipertensão
sistêmica, a cardiopatia causada por doenças pulmonares (cor
pulmonale), as doenças das
valvas cardíacas e as doenças miocárdicas primárias.
PATOLOGIA
Embora
muitas doenças possam envolver o coração e os vasos sanguíneos,
as disfunções cardiovasculares resultam de um ou mais de cinco
mecanismos principais:
1. Falência da bomba. Na circunstância mais comum, o músculo
cardíaco contrai-se fraca ou inadequadamente, e as câmaras não
são capazes de se esvaziar de modo apropriado. Em algumas
condições, contudo, o músculo não é capaz de relaxar o
suficiente para permitir o enchimento ventricular;
2. Uma obstrução ao fluxo decorrente de lesão que impede a abertura da valva ou que causa uma elevação da pressão da câmara ventricular. A pressão elevada faz a câmara que bombeia contra a obstrução trabalhar em demasia.
3.
O fluxo regurgitante faz com que uma parte do sangue expulso em cada
contração flua para trás e adicione uma sobrecarga de volume a
cada uma das câmaras, que precisam bombear o sangue extra;
4.
Distúrbios da condução cardíaca. O bloqueio ou as arritmias
cardíacos devido à geração descoordenada de impulsos levam a contrações não
uniformes e ineficientes das paredes musculares;
5.
Interrupção da continuidade do sistema circulatório, a qual
permite que o sangue escape (ferimento por disparo de arma de
fogo através da parede torácica).
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
A
maioria das doenças cardiovasculares surge da interações entre os
fatores ambientais e a suscetibilidade genética.
A
visão atual apoia-se na ideia de que a maioria das doenças
cardiovasculares clínicas resulta de uma interação complexa entre
os fatores genéticos e os ambientais que interrompem as redes que
controlam a morfogênese, a sobrevida dos miócitos, as respostas ao
estresse bio-mecânico, a contratilidade e a condução elétrica.
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Na
insuficiência cardíaca, o coração é incapaz de bombear o sangue
em uma taxa proporcional às necessidades dos tecidos metabolizantes
ou é capaz apenas em uma pressão de enchimento elevada.
Embora
seja geralmente causada por um desenvolvimento lento de uma
deficiência intrínseca na contração do miocárdio, uma síndrome
clínica similar está presente em alguns pacientes com insuficiência
cardíaca causada por condições nas quais o coração normal é
subitamente exposto a uma carga que excede sua capacidade ou nas quais o enchimento ventricular está prejudicado.
CARDIOPATIA CONGÊNITA
É um termo geral utilizado para descrever as
anormalidades do coração ou dos grandes vasos presentes desde o
nascimento.
A maioria de tais distúrbios origina-se de um defeito na
embriogênese,
quando ocorre o desenvolvimento das principais estruturas
cardiovasculares.
As anomalias mais graves podem ser incompatíveis
com a sobre-vida uterina.
Os defeitos cardíacos congênitos
compatíveis com a maturação embrionária e o nascimento são
geralmente defeitos morfo-genéticos de câmaras ou regiões isoladas
do coração, e o restante do coração desenvolve-se de modo
relativamente normal.
CARDIOPATIA ISQUÊMICA
Grupo
de síndromes intimamente relacionadas que resultam isquemia do
miocárdio – um desequilíbrio entre a oferta (perfusão) e a
procura do coração por sangue oxigenado.
A isquemia abrange não
apenas uma insuficiência de oxigênio, mas também uma
disponibilidade reduzida de substratos nutrientes e uma remoção
inadequada de metabólitos.
Em mais de 90% dos casos, a causa da isquemia miocárdica é uma
redução do fluxo sanguíneo coronariano em razão de uma obstrução
aterosclerótica nas artérias coronárias.
Na maioria dos casos, há um longo período (décadas) de
aterosclerose coronariana lentamente progressiva e silenciosa antes
que os distúrbios se tornem manifestos.
CARDIOPATIA HIPERTENSIVA
A
cardiopatia hipertensiva (CH) é a resposta do coração ás demandas
aumentadas induzidas por hipertensão sistêmica.
A hipertensão
pulmonar também causa doença cardíaca, que é denominada CH
direita ou cor pulmonale.
DOENÇA CARDÍACA VALVULAR
É
o comprometimento valvular por doenças causa estenose, insuficiência
(regurgitação ou incompetência), ou ambas.
A estenose é a falha
de uma valva em abrir-se completamente, impedindo assim o fluxo para
a frente.
A insuficiência, por outro lado, resulta da falha de uma
valva em fechar-se completamente, permitindo assim um fluxo
invertido.
Essas anomalias podem ser puras, quando apenas a estenose
ou a regurgitação está presente, ou mistas, quando tanto a
estenose quanto a regurgitação coexistem na mesma valva, mas em
geral com o predomínio de um desses defeitos.
CARDIOMIOPATIAS
As
doenças miocárdicas constituem um grupo heterogêneo que inclui os
distúrbios inflamatórios (miocardites), as doenças imunológicas,
os distúrbios metabólicos sistêmicos, as distrofias musculares, as
anomalias genéticas em células do músculo cardíaco e um grupo
adicional de doenças de etiologia desconhecida.
DOENÇA PERICÁRDICA
As
lesões pericárdicas estão quase sempre associadas a uma doença
situada em outra parte do coração ou nas estruturas circunjacentes,
ou são secundárias a um distúrbio sistêmico; a doença
pericárdica isolada é incomum.
Fonte: Robbins & Cotran: Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
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