sexta-feira, 14 de março de 2014

Vasos Sanguíneos: Aspectos Gerais



A arquitetura e a composição celular geral dos vasos sanguíneos são as mesmas em todo o sistema cardiovascular, contudo, alguns aspectos da vasculatura variam conforme as necessidades funcionais distintas em cada região, refletindo suas diferentes necessidades.

Para suportar o fluxo pulsátil e a pressão sanguínea mais elevada nas artérias, suas paredes são geralmente mais espessas do que aquelas encontradas nas veias. A espessura da parede arterial diminui gradualmente conforme os vasos se tornam menores, mas a proporção entre a espessura da parede e o diâmetro do lúmen aumenta.

Os constituintes básicos das paredes dos vasos sanguíneos são as células endoteliais, as células musculares lisas e a matriz extra-celular (MEC), incluindo elastina, colágeno e glicosaminoglicanas. As três camadas concêntricas - íntima, média e adventícia – são mais claramente definidas nos vasos de maior calibre, particularmente nas artérias. 






Nas artérias normais, a íntima consiste em uma única camada de células endoteliais, com uma quantidade reduzida de tecido conjuntivo sub-endotelial subjacente. Encontra-se separada da média por uma membrana elástica densa chamada lâmina elástica interna. As camadas de células musculares lisas da média próximas ao lúmen recebem oxigênio e nutrientes por difusão direta a partir do lúmen do vaso, facilitada por orifícios na membrana elástica interna.

Contudo, em vasos médios e grandes, a difusão a partir do lúmen não é adequada para as porções mais externas da média, e portanto estas áreas são supridas por pequenas arteríolas provenientes de fora do vaso (chamadas vasa vasorum,  literalmente “vaso dos vasos”), atravessando-os na metade ou nos dois terços mais externos da média. O limite externo da média na maioria das artérias é uma lâmina elástica externa bem definida. Ao redor da média encontra-se a adventícia, uma camada de tecido conjuntivo contendo fibras nervosas e vasa vasorum.

De acordo com seus tamanhos e características estruturais, as artérias são divididas em três tipos:

a) Artérias elásticas ou de grande calibre, incluindo a aorta, seus grandes ramos  particularmente tronco braquiocefálico, subclávia, carótida comum e ilíaca) e as artérias pulmonares;

b) Artérias musculares ou de médio calibre, incluindo outros ramos da aorta (e.g., artérias coronárias e renais);

c) Artérias de pequeno calibre, com menos de 2mm de diâmetro, aproximadamente e arteríolas de 20 a 100 micrômetros de diâmetro, no interior de tecidos e órgãos.


A configuração e a quantidade relativa dos constituintes básicos variam ao longo do sistema arterial, em razão das adaptações locais ás necessidades mecânicas ou metabólicas.
Estas variações estruturais de um local para outro ocorrem principalmente na média e na MEC.


ARTÉRIAS ELÁSTICAS

Nas artérias elásticas, a média é rica em fibras elásticas, organizadas em camadas consideravelmente compactas separadas e alternadas por células musculares lisas. Os componentes elásticos da aorta permitem que ela se expanda durante a sístole, desta forma armazenando parte da energia de cada batimento cardíaco.

No intervalo entre as contrações cardíacas, durante a fase diastólica do ciclo cardíaco, a retração elástica da parede vascular impele o sangue através do sistema vascular periférico. Com o envelhecimento, a aorta perde elasticidade e os grandes vasos não mais se expandem tão prontamente, principalmente quando a pressão arterial é elevada. Desta forma, as artérias de indivíduos mais idosos se tornam progressivamente tortuosas e dilatadas (ectasiadas).




ARTÉRIAS MUSCULARES

Nas artérias musculares, a média é composta principalmente por células musculares lisas em disposição circular ou espiral. A elastina é restrita ás membranas interna e externa. Nas artérias e arteríolas musculares, a pressão sanguínea e o fluxo do sangue regional são regulados por alterações nas dimensões do lúmen, realizadas pela contração (vaso-constrição) ou relaxamento (vaso-dilatação) das células musculares lisas, sendo parcialmente comandadas pelo sistema nervoso autônomo e em parte por fatores metabólicos locais e interações celulares.

Fonte: Departamento de Biologia Celular e Farmacologia - Universidad de Valladolid


ARTERÍOLAS

Nas arteríolas, a contração de células musculares lisas da média prova ajustes dramáticos no diâmetro do lúmen, regulando a pressão sanguíneo arterial sistêmica e influenciando de maneira relevante a distribuição do fluxo sanguíneo entre os diversos leitos capilares. Como a resistência de um tubo ao fluxo de um fluido é inversamente proporcional á quarta potência do diâmetro (exemplo: a redução do diâmetro pela metade eleva a resistência em 16 vezes), pequenas alterações no tamanho no lúmen de pequenas artérias, provocadas por alterações estruturais ou vaso-constrição, podem ter um efeito profundo. Assim, as arteríolas são o principal ponto de resistência fisiológica ao fluxo sanguíneo.



CAPILARES

Os capilares apresentam revestimento celular endotelial, mas são desprovidos de média. Coletivamente, os capilares possuem uma área total bastante extensa em corte transversal; no interior dos capilares, há uma redução dramática da taxa de fluxo sanguíneo. 

Como são dotados de paredes finas, com espessura de uma única célula, e apresentam um baixo fluxo sanguíneo, os capilares são ideais para a rápida troca de substância difusíveis entre o sangue e os tecidos. Uma vez que a função normal dos tecidos depende do suprimento adequado de oxigênio através dos vasos sanguíneos, e como a difusão do oxigênio através de distâncias superiores a 100 micrômetros é ineficiente até mesmo nos tecidos sólidos com a mais reduzida demanda desse gás, a rede de capilares na maior parte dos tecidos é muito abundante.

Tecidos com uma atividade metabólica muito elevada, como o miocárdio, possuem uma densidade capilar mais elevada.

O sangue dos capilares flui inicialmente para as vênulas pós-capilares, seguindo através de vênulas coletoras e veias pequenas, médias e grandes. Em muitos tipos de inflamação, o extravasamento vascular e a exsudação leucocitária ocorrem preferencialmente nas vênulas pós-capilares.

ARTÉRIAS x VEIAS x VASOS LINFÁTICOS

Em comparação com as artérias, as veias possuem diâmetros maiores, lúmens mais amplos e paredes mais finas e menos organizadas. Assim, por terem uma sustentação menos eficiente, as veias apresentam predisposição a sofrer dilatação irregular, compressão, degeneração e fácil penetração por tumores e processos inflamatórios.

O sistema venoso possui uma capacidade total grande; aproximadamente dois terços de todo o sangue encontram-se nas veias. O fluxo reverso é impedido por válvulas venosas dispostas nas extremidades, onde o sangue flui contra a gravidade.

Os linfáticos são canais de paredes finas, revestidos por endotélio, que atuam como um sistema de drenagem para o retorno do líquido no tecido intersticial e das células inflamatórias ao sangue. Os linfáticos representam uma importante via para a disseminação de doenças, transportado bactérias e células tumorais para locais distantes.

Algumas lesões patológicas acometem vasos de determinado tamanho, extensão e/ou tipo.
A aterosclerose compromete as artérias elásticas e musculares, a hipertensão atinge pequenas artérias e arteríolas musculares, e tipos específicos de vasculite ocorrem em segmentos vasculares característicos. 






Fonte: Robbins & Cotran: Patologia: Bases Patológicas das Doenças. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.


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