domingo, 2 de março de 2014

Infecções do Trato Urinário (ITU)





As infecções do trato urinário (ITU) são uma das doenças infecciosas mais frequentes na rotina clínica, acometendo principalmente crianças, idosos, jovens e mulheres. No meio hospitalar são as mais comuns.
São divididas em

  • Altas - envolvem o parênquima renal (pielonefrite) ou ureteres (ureterite).
  • Baixas - envolvem bexiga (cistite), uretra (uretrite), próstata (prostatite) e epidídimo (epididimite).
Significado de bacteriúria: A investigação microbiológica de suspeita da infecção urinária pela
urocultura, permitiu identificar dois grupos de pacientes com bacteriúria ≥ 100.000 bactérias por ml
de urina:
􀂃 Sintomáticos, e portanto com infecção urinária
􀂃 Assintomáticos, definidos como portadores de bacteriúria assintomática.

O primeiro grupo necessita de tratamento imediato, enquanto o segundo tem chances aumentadas de desenvolver uma ITU no futuro.

Patogênese
Existem três formas de o microrganismos alcançar o trato urinário e promover infecção:
- Via ascendente - chega através da uretra, bexiga, ureter e rim. Mais frequente em mulheres (pois possuem uma uretra menos extensa) e em pacientes submetidos a instrumentação no local.
- Via hematogênica - ocorre devido a intensa vascularização do rim podendo o mesmo ser
comprometido em qualquer infecção sistêmica. Comum em neonatos. Os principais microrganismos isolados neste modo de infecção são: Staphylococcus aureus, Mycobacterium tuberculosis, Histoplasma spp.
- Via linfática - rara, mas microrganismos podem alcançar o rim através da irrigação linfática.


Mesmo que o microrganismo atinga o trato urinário, há fatores que vão interferir na instalação da infecção, como: Propriedades antibacterianas da urina (elevada osmolaridade, pH baixo), mucosa do trato urinário (citocinas, mecanismos de aderência), efeito mecânico da micção,  resposta imune e inflamatória, integridade anatômica e funcional das vias urinárias, tamanho do inóculo (quanto maior o inóculo, maior a chance de infecção). Outros fatores estão ligados ao próprio agente infeccioso, tais quais  capacidade de aderência às células uroepiteliais e vaginais, resistência à atividade bactericida do soro, produção de hemolisina e fator citotóxico necrotizante tipo i.
Por outro lado, as variáveis envolvidas no uso de cateter vesical são um pouco diferentes. Podemos citar:
- fenômenos inflamatórios locais (corpo estranho).


- eliminação dos mecanismos habituais de defesa (esvaziamento completo da bexiga, alterações da imunidade local, via aberta de passagem até a bexiga).
- obstrução mecânica das glândulas periuretrais (facilitando quadros de uretrites e epididimites). Nos pacientes com prostatite ou epididimite, os microrganismos atuam, principalmente, através do refluxo da urina infectada nos ductos prostáticos e ejaculatórios.


Sinais e sintomas
Neonatos e crianças até dois anos de idade com ITU(s) podem ser totalmente assintomáticos ou
apresentarem sintomas inespecíficos como: irritabilidade; diminuição da amamentação; menor
desenvolvimento pondero-estatural; diarréia e vômitos; febre e apatia, etc. Cerca de 7% dos casos
podem estar acompanhados de icterícia e de hepato-esplenomegalia.
Crianças maiores já podem relatar sintomas como: disúria, freqüência e dor abdominal.
Adultos com ITU baixa, limitada a uretra e bexiga, geralmente apresentam disúria freqüente, urgência
miccional e ocasionalmente dor na região, são freqüentemente acompanhadas pelos mesmos sintomas das infecções baixas, além supra-púbica. As ITUs altas, particularmente pielonefrite, são freqüentemente acompanhadas pelos mesmos sintomas das infecções baixas, além de dor nos flancos e febre. Bacteremia quando presente poderá confirmar um diagnóstico de pielonefrite ou prostatite.

Principais agentes etiológicos
A microbiota normal da região periuretral é definida de acordo com a faixa etária e condições do paciente e,
raramente, causam ITUs apresentando em geral contagem de colônias menor que 1000 UFC/ml,
sendo constituída de: Streptococcus viridans, Corynebacterium spp. (difteróides), Staphylococcus spp.
(exceto Staphylococcus aureus e S. saprophyticus), Lactobacillus spp.

IFD: Imunofluorescência Direta || ACH: Ágar chocolate || TM: Thayer Martin



O diagnóstico laboratorial será abordado em outra postagem.



Clique na imagem para ser redirecionado

Fonte: BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Principais Síndromes Infecciosas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário