domingo, 2 de março de 2014

Diagnóstico laboratorial de Infecções do Trato Urinário (ITU)



A maioria das Infecções do Trato Urinário (ITUs) é diagnosticada através de dados clínicos e laboratoriais como piúria e ou bacteriúria e também pela urocultura com contagem de colônias.

Pesquisa da Piúria 
Reflete a possibilidade de resposta inflamatória do trato urinário. A causa mais comum é a infecção bacteriana que poderá ser confirmada pela urocultura; porém a piúria poderá ser evidenciada nas situações clínicas apresentadas abaixo, cuja urocultura resulta negativa.

a) Não infecciosa
- nefropatias
- cálculos e corpos estranhos
- ciclofosfamida
- trauma genitourinário
- neoplasias
- glomerulonefrite

b) Infecciosa (microrganismos de difícil cultivo):
- Tuberculose e infecções causadas por micobactérias atípicas
- Haemophilus influenzae- Chlamydia spp. e Ureaplasma urealyticum
- Gonococos
- Anaeróbios
- Fungos
- Vírus (herpes, adenovírus, varicela-zoster)
- Leptospiras
c) Outras causas infecciosas
- durante ou até uma semana após o tratamento adequado da ITU
- Infecção “mascarada” pela antibioticoterapia
- Infecções adjacentes ao trato urinário (apendicite, diverticulite e prostatite)

A pesquisa de piúria poderá ser realizada por diferentes métodos manuais e automatizados:

Obs.: Altas doses de vitamina C podem dar falso negativo para nitrito na fita, e a presença de Trichomonas pode dar teste positivo para esterase leucocitária.

Bacterioscopia urinária
  1. Com urina não centrifugada, apenas homogeneizada, utilizar uma alça bacteriológica calibrada com 10 ul de urina e depositar sobre uma lâmina de microscopia limpa.
  2. Esperar secar, fixar na chama (ligeiramente) e corar pelo método de Gram.
  3. Contar na objetiva de imersão (aproximação de 1000x).
  4. Se encontrar 1 ou mais bactéria por campo, sugere-se ≥  10*5 UFC.
  5. A presença de células epiteliais e vários tipos morfológicos de bactérias sugere contaminação.
Bacteriúria 
A pesquisa de bacteriúria poderá ser realizada através da bacterioscópia da urina, testes bioquímicos e cultura de urina.

Quantificação da bacteriúria - Contagem de colônias
O critério de diagnostico tradicional de Kass (1956), determina a contagem . 10*5 UFC/ml como limite indicativo de infecção urinaria. Contudo, no caso de pacientes do sexo feminino apresentando infecção urinaria sintomática não complicada, este limite corresponde a uma alta especificidade e uma baixa
sensibilidade. De fato, cerca da terça parte das mulheres com síndrome clinica de disuria, frequência,
urgencia e piuria e que melhoram com o uso de antimicrobianos, apresentam contagens entre 102 a
104 UFC/ml, segundo criterio de Stamm (1982). Portanto, atualmente torna-se necessario que os
laboratorios utilizem os criterios propostos por Stamm e comecem a detectar microrganismos a partir
de 102 UFC/ml, principalmente nesta população de mulheres.

Métodos mais utilizados
Lâmino-cultivo
O produto possui um recipiente plástico, onde a urina pode ser coletada, cuja tampa está conectada a uma haste contendo os meios de cultura como CLED e MacConkey, variando de acordo com o fabricante. 
Vantagens: facilidade de semeadura, não necessita de alça calibrada, facilidade de transporte.
Desvantagens: semi-quantitativo, pouca superfície de isolamento.


Semeadura com alça calibrada
A maioria dos microbiologistas recomendam a semeadura das urinas somente com a alça calibrada 0,01μl (10 μL), procurando detectar-se contagem de colônias a partir de 100 UFC/ml.
Inicialmente a urina é homogeneizada em "oito" em cima da bancada. Em seguida, a alça calibrada estéril é inserida no líquido. Depois ela é utilizada para inocular cada meio de cultivo, traçando inicialmente uma linha reta no centro da placa, de uma extremidade à outra, completando-se o espalhamento da amostra (ver figura).

Os meios de cultura utilizados devem ser um seletivo (Mac Conkey ou Teague/EMB) e um não-seletivo (ágar sangue de carneiro 5%). Incuba-se a 35-37°C por 24h - este período pode ser prolongado quando houver suspeita de infecção por Enterococcus, S. agalactiae e leveduras. Também pode ser utilizado o meio CLED, que permite crescimento de gram-negativos e impede o espalhamento do "véu" do gênero Proteus.
Veja mais sobre meios de cultura utilizados na rotina laboratorial clicando aqui.

 Outros dados laboratoriais
Outros dados laboratoriais podem contribuir para o diagnóstico de uma ITU, como hematúria, proteinúria (que pode ser sugerida através da urina espumosa) e também a hemocultura.

Fonte: BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Principais Síndromes Infecciosas.

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