HISTÓRIA
A conservação de alimentos remonta o início da
humanidade. As técnicas se desenvolveram especialmente no inverno, onde a
disponibilidade de animais e vegetais era menor.
As primeiras técnicas foram a secagem ao sol e defumação. Na Grécia Antiga, na época de Homero,
o sal era usado para dar sabor e conservar a carne.
Por sua vez, os romanos usavam neve e gelo para conservar sua comida. Já os egípcios salgavam e desidratavam carnes de aves.
CONSERVAÇÃO
Os métodos de conservação
têm o objetivo de aumentar a vida útil
dos alimentos através de técnicas que impeçam a deterioração microbiana, enzimática, química e física, mantendo seus
nutrientes e suas características organolépticas.
Para que os microrganismos se proliferem, necessitam
de um ambiente úmido, com oxigênio (ou não), temperatura e outras condições
favoráveis. Logo, os processos de conservação visam à destruição, inativação ou
diminuição desses seres.
Os principais métodos de conservação envolvem:
o
Conservação pelo
calor;
o
Conservação pelo
frio;
o
Conservação pelo
controle da umidade;
o
Conservação por
desidratação e concentração
o
Conservação pela
adição de um soluto;
o
Conservação por defumação;
o
Conservação por
fermentação;
o
Conservação pela
adição de aditivos;
o
Conservação pelo uso
da irradiação.
A escolha do
método mais apropriado vai depender
do tipo de alimento, de sua natureza (líquida, sólida, pastosa), o tempo de conservação, o custo e os micróbios envolvidos.
1.
Conservação pelo calor
a)
pasteurização – é
um tratamento térmico relativamente suave,
que utiliza temperaturas inferiores a
100°C em determinado período de tempo. A regra geral é que quanto maior a temperatura, menor deve ser
o tempo. Inativa enzimas e destrói microrganismos mais sensíveis, como bactérias mesófilas, bolores e leveduras.
É um método de conservação
relativamente curto, dependendo do
pH do produto. Geralmente necessita de métodos complementares, como a
refrigeração. Potente destruidor de patógenos.
v Pasteurização lenta – aproximadamente
63°C/30 minutos.
v Pasteurização rápida
– cerca de 72°C/15min.
b)
esterilização
– tratamento acima de 100°C, temperatura capaz de destruir as formas esporuladas. Alta temperatura, alto tempo. Faz-se
necessário o uso de embalagens apropriadas para que não ocorra recontaminação
do alimento.
c)
tindalização
– aquecimento descontínuo. Temperatura entre 60°C e 90°C, durante alguns minutos.
Destrói células vegetativas bacterianas, mas os esporos sobrevivem.
d)
apertização
– processo térmico em um alimento hermeticamente fechado, isto é, a vácuo.
e)
branqueamento –
é um tratamento térmico brando,
utilizando temperaturas entre 70 e 100°C,
e tempos que variam de 1 a 5 minutos,
com posterior resfriamento para evitar que o alimento permaneça mais tempo na
temperatura elevada, evitando,
portanto, um cozimento. Tem como objetivo principal a inativação de enzimas
naturais. Alguns autores consideram o branqueamento como processo de pré-tratamento. Os métodos mais comuns são
o a vapor (maior retenção de
nutrientes) ou em água quente.
2.
Conservação pelo frio
A conservação por frio
é bastante indicada para produtos vegetais e animais. O efeito conservador do
frio se baseia na inibição dos agentes responsáveis pelas alterações dos
alimentos. Quanto mais baixa a temperatura, menor a atividade enzimática,
química e microbiológica.
A conservação pelo frio
se divide em dois grupos:
b)
congelamento – temperatura do alimento é reduzida abaixo
do seu ponto de congelamento. Proporciona uma maior vida de prateleira, se
comparado à refrigeração. As temperaturas são baixas o suficiente para reduzir
ou parar a deterioração causada pelos microrganismos, agentes químicos (como o
O2) ou enzimas. O congelamento induz a formação de cristais no
interior de microrganismos, aumentando seu volume e, consequentemente, levando
à lise de suas células.
3.
Conservação pelo controle da umidade
O controle microbiano
por desidratação pode ser o meio mais antigo de conservação de alimentos. Os alimentos
secos, desidratados ou com baixa umidade, geralmente apresentam teor de umidade
inferior a 25%. Nessa categoria se incluem os alimentos secos tradicionais e os
liofilizados.
Além da prevenção de
crescimento de germes, há outras vantagens: redução de custo de embalagem,
armazenamento e transporte; preparação de produtos diferentes; prevenção de
alterações físico-químicas no alimento; reaproveitamento de produtos.
a)
secagem natural – exposição ao sol e ao vento seco.
b)
controlada – desidratação com ar controlado. Pode ser
por secagem a vácuo ou em túneis. Os quatro principais sistemas de desidratação
são: ar quente, spray-drying, secagem a vácuo e liofilização.
4.
Conservação por desidratação e concentração
Desidratação
é a remoção da água do alimento na forma
de vapor, ou seja, retirar a água modificando seu estado físico. O objetivo
é prolongar a vida de prateleira ao reduzir a atividade da água (Aa ou Aw). A redução
de peso e volume facilita a embalagem e transporte.
Concentração
baseia-se na remoção de umidade e diminuição
da Aa. No processo de concentração é possível retirar até 2/3 do conteúdo total da H2O. É um pouco menos
efetivo que a desidratação, necessitando de outro método de conservação
adicional.
5.
Conservação por adição de soluto
Adição de sal
ou açúcar eleva a retenção de quantidades de água, alterando sua pressão osmótica.
Ex: preservação de
frutas pela adição de açúcar à fabricação de geleias e doces. Estes
produtos contêm em média de 25 a 33% de umidade. O sal é bastante utilizado na
preservação de carnes, como na charque/carne seca, e peixes.
6.
Conservação por defumação
Combina os processos de salga, secagem, defumação e
cozimento.
O princípio consiste em impregnar nos alimentos – principalmente
carnes, peixes e queijos – a fumaça de madeiras selecionadas, que conferem aparência
e sabor apreciáveis.
A carne em
contato com o calor desenvolve uma capa escurecida, resultante da
desidratação – ocorre uma coagulação proteica junto com um depósito de substâncias
antimicrobianas da fumaça.
7.
Conservação por fermentação

Na indústria de alimentos a fermentação é a única
operação em que se favorece o crescimento de microrganismos, mas é, claro, de
forma altamente controlada. A fermentação é usada na fabricação de iogurtes,
queijos, pães, cervejas, vinagres e vinhos.
A preservação ocorre pela produção de ácidos (acético, lático), que diminuirão o pH, ou por
produção de álcool.
8.
Conservação pela adição de aditivos
Consiste na adição de produtos químicos que visam
melhorar o alimento. Ex.: acidulantes, conservantes, acidificantes,
antioxidantes.
9.
Conservação pelo uso da irradiação
Proporciona estabilidade
química e microbiológica, além de estender o período de armazenamento. A radiação
ultravioleta é usada na redução de contaminação de superfície de alimentos,
como carne.
O efeito da radiação sobre as características organolépticas
e nutricionais dos alimentos ainda não foi bem esclarecido.
Ainda é uma técnica em estudo devido ao efeito
nocivo que a radiação em si oferece à saúde.
Fontes: USP-CENA/PCLQ; FRANCO & LANDGRAF, 2005.
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