quarta-feira, 5 de junho de 2013

Métodos de conservação de alimentos

HISTÓRIA                                                                                                                                                            
A conservação de alimentos remonta o início da humanidade. As técnicas se desenvolveram especialmente no inverno, onde a disponibilidade de animais e vegetais era menor.
As primeiras técnicas foram a secagem ao sol e defumação. Na Grécia Antiga, na época de Homero, o sal era usado para dar sabor e conservar a carne.
Por sua vez, os romanos usavam neve e gelo para conservar sua comida. Já os egípcios salgavam e desidratavam carnes de aves.


CONSERVAÇÃO                                                                                                                                            

Os métodos de conservação têm o objetivo de aumentar a vida útil dos alimentos através de técnicas que impeçam a deterioração microbiana, enzimática, química e física, mantendo seus nutrientes e suas características organolépticas.
Para que os microrganismos se proliferem, necessitam de um ambiente úmido, com oxigênio (ou não), temperatura e outras condições favoráveis. Logo, os processos de conservação visam à destruição, inativação ou diminuição desses seres.
Os principais métodos de conservação envolvem:

o   Conservação pelo calor;
o   Conservação pelo frio;
o   Conservação pelo controle da umidade;
o   Conservação por desidratação e concentração
o   Conservação pela adição de um soluto;
o   Conservação por defumação;
o   Conservação por fermentação;
o   Conservação pela adição de aditivos;
o   Conservação pelo uso da irradiação.



A escolha do método mais apropriado vai depender do tipo de alimento, de sua natureza (líquida, sólida, pastosa), o tempo de conservação, o custo e os micróbios envolvidos.

1. Conservação pelo calor
Emprego de temperaturas acima das suportáveis aos microrganismos, causando sua morte ou sua inativação, sem que haja alteração organoléptica. Os tipos são:
a) pasteurizaçãoé um tratamento térmico relativamente suave, que utiliza temperaturas inferiores a 100°C em determinado período de tempo. A regra geral é que quanto maior a temperatura, menor deve ser o tempo. Inativa enzimas e destrói microrganismos mais sensíveis, como bactérias mesófilas, bolores e leveduras.
É um método de conservação relativamente curto, dependendo do pH do produto. Geralmente necessita de métodos complementares, como a refrigeração. Potente destruidor de patógenos.
v  Pasteurização lentaaproximadamente 63°C/30 minutos.
v  Pasteurização rápida – cerca de 72°C/15min.
b) esterilização – tratamento acima de 100°C, temperatura capaz de destruir as formas esporuladas. Alta temperatura, alto tempo. Faz-se necessário o uso de embalagens apropriadas para que não ocorra recontaminação do alimento.
c) tindalizaçãoaquecimento descontínuo. Temperatura entre 60°C e 90°C, durante alguns minutos. Destrói células vegetativas bacterianas, mas os esporos sobrevivem.
d) apertização – processo térmico em um alimento hermeticamente fechado, isto é, a vácuo.
e) branqueamento – é um tratamento térmico brando, utilizando temperaturas entre 70 e 100°C, e tempos que variam de 1 a 5 minutos, com posterior resfriamento para evitar que o alimento permaneça mais tempo na temperatura elevada, evitando, portanto, um cozimento. Tem como objetivo principal a inativação de enzimas naturais. Alguns autores consideram o branqueamento como processo de pré-tratamento. Os métodos mais comuns são o a vapor (maior retenção de nutrientes) ou em água quente.

2. Conservação pelo frio
A conservação por frio é bastante indicada para produtos vegetais e animais. O efeito conservador do frio se baseia na inibição dos agentes responsáveis pelas alterações dos alimentos. Quanto mais baixa a temperatura, menor a atividade enzimática, química e microbiológica.
A conservação pelo frio se divide em dois grupos:
a) refrigeração – é a conservação a temperaturas inferiores a 10°C. É um método temporário (dias a semanas), pois as atividades microbianas e enzimáticas não serão evitadas, apenas retardadas. Geralmente é utilizada em combinação com outras técnicas, como a pasteurização e uso de embalagens à vácuo.
b) congelamento – temperatura do alimento é reduzida abaixo do seu ponto de congelamento. Proporciona uma maior vida de prateleira, se comparado à refrigeração. As temperaturas são baixas o suficiente para reduzir ou parar a deterioração causada pelos microrganismos, agentes químicos (como o O2) ou enzimas. O congelamento induz a formação de cristais no interior de microrganismos, aumentando seu volume e, consequentemente, levando à lise de suas células.

3. Conservação pelo controle da umidade
O controle microbiano por desidratação pode ser o meio mais antigo de conservação de alimentos. Os alimentos secos, desidratados ou com baixa umidade, geralmente apresentam teor de umidade inferior a 25%. Nessa categoria se incluem os alimentos secos tradicionais e os liofilizados.
Além da prevenção de crescimento de germes, há outras vantagens: redução de custo de embalagem, armazenamento e transporte; preparação de produtos diferentes; prevenção de alterações físico-químicas no alimento; reaproveitamento de produtos.
a) secagem natural – exposição ao sol e ao vento seco.
b) controlada – desidratação com ar controlado. Pode ser por secagem a vácuo ou em túneis. Os quatro principais sistemas de desidratação são: ar quente, spray-drying, secagem a vácuo e liofilização.

4. Conservação por desidratação e concentração
Desidratação é a remoção da água do alimento na forma de vapor, ou seja, retirar a água modificando seu estado físico. O objetivo é prolongar a vida de prateleira ao reduzir a atividade da água (Aa ou Aw). A redução de peso e volume facilita a embalagem e transporte.
Concentração baseia-se na remoção de umidade e diminuição da Aa. No processo de concentração é possível retirar até 2/3 do conteúdo total da H2O. É um pouco menos efetivo que a desidratação, necessitando de outro método de conservação adicional.

5. Conservação por adição de soluto
Adição de sal ou açúcar eleva a retenção de quantidades de água, alterando sua pressão osmótica.
Ex: preservação de frutas pela adição de açúcar à fabricação de geleias e doces. Estes produtos contêm em média de 25 a 33% de umidade. O sal é bastante utilizado na preservação de carnes, como na charque/carne seca, e peixes.






6. Conservação por defumação
Combina os processos de salga, secagem, defumação e cozimento.
O princípio consiste em impregnar nos alimentos – principalmente carnes, peixes e queijos – a fumaça de madeiras selecionadas, que conferem aparência e sabor apreciáveis.
A carne em contato com o calor desenvolve uma capa escurecida, resultante da desidratação – ocorre uma coagulação proteica junto com um depósito de substâncias antimicrobianas da fumaça.

7. Conservação por fermentação
Consiste na modificação intencional do alimento por microrganismos específicos para se obter produtos  de sabor agradável, saudáveis e estáveis. É um processo anaeróbico onde transformações químicas ocorrerão a partir de reações enzimáticas.
Na indústria de alimentos a fermentação é a única operação em que se favorece o crescimento de microrganismos, mas é, claro, de forma altamente controlada. A fermentação é usada na fabricação de iogurtes, queijos, pães, cervejas, vinagres e vinhos.
A preservação ocorre pela produção de ácidos (acético, lático), que diminuirão o pH, ou por produção de álcool.

8. Conservação pela adição de aditivos
Consiste na adição de produtos químicos que visam melhorar o alimento. Ex.: acidulantes, conservantes, acidificantes, antioxidantes.

9. Conservação pelo uso da irradiação
Proporciona estabilidade química e microbiológica, além de estender o período de armazenamento. A radiação ultravioleta é usada na redução de contaminação de superfície de alimentos, como carne.
O efeito da radiação sobre as características organolépticas e nutricionais dos alimentos ainda não foi bem esclarecido.
Ainda é uma técnica em estudo devido ao efeito nocivo que a radiação em si oferece à saúde.


Fontes: USP-CENA/PCLQ; FRANCO & LANDGRAF, 2005.

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