Conhecidas
também como algas azuis ou cianofíceas,
são microrganismos procariontes fotossintetizantes – daí a controvérsia
relacionada à sua classificação: é uma bactéria ou um vegetal? No entanto, as
cianobactérias têm mais características de bactérias, uma vez que não possuem
cloroplastos nem carioteca.
Fotossintetizantes: luz solar + nutrientes minerais à matéria orgânica
Seus
processos vitais requerem apenas luz, água, sais minerais e dióxido de carbono.
São autotróficas.
Cianobactérias podem viver em diversos ambientes e condições extremas como em águas de fontes termais e lagos frios. Outras resistem à alta salinidade e até em períodos de seca. Algumas formas são terrestres, vivem sobre rochas ou solo úmido.
MORFOLOGIA
As
cianobactérias podem ocorrer no ambiente de forma unicelular, como nos gêneros Synechococcus
e Aphanothece, coloniais, representadas por Microcystis,
Gomphospheria, Merispmopedium, ou em filamentos,
como no caso da Anabaena, Oscillatoria,
Planktothrix, Cylindrospermopsis e Nostoc.
Sua
coloração pode ser verde (pigmento clorofila-A), amarelo-laranja (carotenoides),
azul (ficocianina) e vermelha (ficoeritrina). Todos esses pigmentos atuam na
captação de luz na fotossíntese.
FLORAÇÕES OU BLOOMS
Surgem
principalmente em ecossistemas aquáticos poluídos. Os dejetos, sobretudo os de
origem industrial e de agricultura, são ricos em nitrogênio e fósforo (componentes
nitrogenados e fosfatados). Estes minerais na água promovem o processo chamado
de eutrofização ou eutroficação. As
cianobactérias se utilizam desses minerais para se multiplicar e sobreviver.
A
presença de cianobactérias em um ambiente aquático geralmente é evidenciada
pela coloração esverdeada da superfície ou da margem do corpo de água.
MALEFÍCIOS
Além
dos problemas estéticos de coloração, as cianobactérias alteram o odor e o
sabor das águas.
DESEQUILÍBRIO AMBIENTAL
Como
dito, as cianobactérias utilizam luz, H2O, CO2 e compostos inorgânicos para
produção de matéria orgânica.
O
aumento da matéria orgânica, por sua vez, aumenta a população de microrganismos
decompositores na água. Estes microrganismos acabam consumindo o oxigênio
dissolvido, favorecendo mais ainda a proliferação de cianobactérias. O maior
problema do consumo desse oxigênio é a redução de sua concentração que seria
utilizado por outras formas de vida aquática, como animais e plantas.
Além
disto, as florações superficiais impedem a passagem de luz para as regiões mais
profundas de corpos d’água.
DESASTRES
No
Brasil, o caso mais grave ocorreu em Caruaru (PE), em 1996, quando 55 pessoas
submetidas a hemodiálises morreram por intoxicação hepática causada pela
microcistina, toxina produzida pela cianobactéria Microcystis. A análise foi feita no filtro de carvão ativado do aparelho de hemodiálise e comparado com o manancial de abastecimento de água. O episódio ficou conhecido como tragédia da hemodiálise.
Outro
marco que se destacou, foi a ocorrência de 2 mil casos de gastroenterite,
sendo que 88 resultaram em mortes, na região de Paulo Afonso, Bahia.
TOXINAS
Vários
gêneros e espécies de cianobactérias que formam florações produzem toxinas. As
toxinas de cianobactérias, que são conhecidas como Cianotoxinas, constituem uma
grande fonte de produtos naturais tóxicos produzidos por esses microrganismos.
Algumas
dessas toxinas, que são caracterizadas por sua ação rápida, causando a morte de
mamíferos por parada respiratória após poucos minutos de exposição, têm sido
identificadas como alcalóides ou organofosforados neurotóxicos. Outras atuam
menos rapidamente e são identificadas como peptídeos ou alcalóides
hepatotóxicos.
De
acordo com suas estruturas químicas, as cianotoxinas podem ser incluídas em
três grandes grupos: os peptídeos
cíclicos, os alcalóides e os lipopolissacarídeos. Entretanto, por
sua ação farmacológica, as duas principais classes de cianotoxinas até agora
caracterizadas são: neurotoxinas e hepatotoxinas – das quais, a mais
importante é a microcistina.
Além
dessas, alguns gêneros de cianobactérias também podem produzir toxinas
irritantes ao contato. Essas toxinas têm sido identificadas como
lipopolissacarídeos (LPS).
Em
ambientes aquáticos, as cianotoxinas normalmente permanecem contidas nas
células das cianobactérias e são liberadas
em quantidade considerável após a lise
celular, que ocorre durante a fase
de senescência (morte natural), estresse
celular, uso de algicidas, como
sulfato de cobre ou cloração.
LEGISLAÇÃO – Portaria 2.914/2011
"Os
responsáveis pelo controle da qualidade da água de sistemas ou soluções
alternativas coletivas de abastecimento de água para consumo humano, supridos
por manancial superficial e subterrâneo, devem coletar amostras semestrais da
água bruta, no ponto de captação, para análise de acordo com os parâmetros
exigidos nas legislações específicas, com a finalidade de avaliação de risco à
saúde humana."
"Recomenda-se
a análise de clorofila-a no manancial, com frequência semanal, como indicador
de potencial aumento da densidade de cianobactérias. Se os valores permanecerem
altos durante duas análises, realizar contagem de cianobactérias. Quanto a
densidade de cianobactérias exceder 20.000 células/ml, deve-se realizar análise
de cianotoxinas na água do manancial, no ponto de captação, com frequência
semanal."
VALORES MÁXIMOS PERMITIDOS
- Microcistina --------------------------------------------------- 1,0 µg/L
- Saxitoxinas ----------------------------------------------------- 3 µg/L
"Em
função dos riscos à saúde associados às cianotoxinas, é vedado o uso de
algicidas para o controle do crescimento de microalgas e cianobactérias no
manancial de abastecimento ou qualquer intervenção que provoque a lise das
células."
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