segunda-feira, 22 de julho de 2013

Malária e Plasmodium

A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Plasmodium e transmitida ao homem por fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles, produzindo febre, além de outros sintomas. É típico da região Norte.
Mosquito Anopheles, popularmente chamado
de mosquito prego.

  • Agente etiológico

Família Plasmodiidae, gênero Plasmodium.

Espécies:

O P. falciparum tem poder de disseminação, podendo causar até malária cerebral. Sendo a espécie a causar mais complicações.
O Plasmodium vivax apresenta forma de hipnozoítos (formas esquizontes tardias), que traz várias crises num período de 6 meses. É recidiva.

  • Ciclo biológico


a) assexuado/esquizogônico
1. 1.      Ciclo pré-eritrocítico.
Inicia-se com a picada do Anopheles, inoculando esporozoítos infectivos no homem. Ficam no sangue por alguns minutos (30-60min) até migrarem para os hepatócitos (fígado), uma vez que possuem a proteína CS (Circum Sporozoite) na sua superfície, que se liga aos receptores dos hepatócitos, facilitando a entrada. Começa a esquizogonia tecidual ou ciclo pré-eritrocítico, que dura:
**o desenvolvimento lento de alguns dos seus esporozoítos, formam os hipnozoítos, formas latentes (dormentes) do parasito responsáveis pelas recaídas da doença meses ou anos após.
Agora se transformam em trofozoítos jovens. Estes se replicam assexuadamente (esquizogonia), dando origem aos esquizontes teciduais. Eles viram merozoítos, rompendo o hepatócito e caindo na corrente sanguínea para parasitar eritrócitos.
P. vivax invade preferencialmente as hemácias jovens e o P. falciparum, hemácias em qualquer fase evolutiva.

1.  2.     Ciclo eritrocítico
Os merozoítos invadem as hemácias. Durante um período que varia de 48 a 72 horas, o parasito se desenvolve no interior da célula, virando trofozoíto. Em seguida se torna esquizonte, e depois volta a ser merozoíto. Provoca a sua ruptura, liberando-os para invadir novas hemácias. A ruptura e conseqüente liberação de parasitos na corrente sangüínea traduz-se clinicamente pelo início do paroxismo malárico, que se repetirá com o término do novo ciclo.

O ciclo sanguíneo se repete sucessivas vezes, de acordo com o parasita:
P. falciparum: febre terçã maligna, com intervalos febris a cada 36-48h (dia sim, metade não).
P. vivax: febre terçã com intervalos de 48h (dia sim, dia não).
P. malariae: febre quartã - Sintomas mais brandos.
Se o paciente for infectado por mais de 1 espécie terá febre todo dia.

No exame microscópico do sangue pode-se observar variada morfologia do parasito – trofozoítos jovens (anéis), trofozoítos maduros, formas irregulares, esquizontes jovens e esquizontes maduros.

b) sexuado
Após um período de replicação assexuada, alguns merozoítos se diferenciam em gametócitos machos e fêmeas, que amadurecem sem divisão celular e tornam-se infectantes aos mosquitos. A função desses gametócitos é reprodutiva. Eles podem ser de dois tipos, diferenciados microscopicamente nos esfregaços sangüíneos: os microgametócitos (masculinos - m) e os macrogametócitos (femininos - f).
Na hematofagia/repasto o Anopheles ingere as formas sanguíneas do parasito, mas só os gametócitos serão capazes de evoluir. No intestino do inseto o microgametócito (m) fecunda o macro (f), gerando oocistos e depois esporozoítos, que são a forma infectante no vertebrado.

  • Diagnóstico microscópico


Para a espécie P. falciparum:
a) gametócito (bananinha) é típico de falciparum.



b) anel do trofozoíto com duas cromatinas


Para P. vivax:
a) nunca tem duas cromatinas
b) causa um aspecto de sujeira, deixando a hemácia amarelada. O falciparum deixa a hemácia da mesma cor da não parasitada, não altera.

Algumas hemácias apresentam um aspecto sujo. Isto é causado pela lise de hemoglobina, causada pela enzima hemoglobilisina.

Sintomatologia
Três fases podem ser reconhecidos no acesso malárico/ataque paroxístico (rompimento eritrocitário):
1ª fase: calafrios. De 15min a 1h. Fase de alerta. Início da liberação de TNF-a;
2ª fase: sensação de calor. De 2h a 4h. temperatura entre 39 e 41°C. Muito TNF-a. Convulsão.
3ª fase: sudorese. Alívio.

De forma geral, é a tríade febre, calafrio e dor de cabeça. Sintomas gerais – como mal-estar, dor muscular, sudorese, náusea e tontura – podem preceder ou acompanhar a tríade sintomática.


  • Diagnóstico


- área endêmica.
- clínica do paciente + periodicidade dos acessos > auxílio na descoberta da espécie
- pesquisa de antígeno por imunocromatografia e anticorpo (sorologia)
- pesquisa do parasita por gota espessa ou QBC.
- Biologia molecular: PCR

- Exames complementares
QBC: tubo capilar com laranja de acridina + sangue. Centrifuga. Quebra o capilar e pega as hemácias superficiais, menos densas, as parasitadas. Imunofluorescência. É 8x mais sensível que a GE. Esta é mais usada pela simplicidade e preço.
Exames complementares: hemograma (anemia hemolítica), bilirrubina elevada, aminotransferase (AST/TGO alta), coagulação baixa, potássio elevado no início da infecção (câimbra).
Na forma grave pode haver insuficiência renal devido aos imunocomplexos que passam pelos néfrons (glomerulonefrite).
Antes do ataque paroxístico se acha esquizonte. Durante o ataque, merozoíto. Após, trofozoíto e gametócitos. É a melhor fase de diagnóstico, já que se achar gametócito se sabe que é falciparum, e, também pelo anel de cromatina se consegue diferenciar.

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