A unidade funcional do rim é o
néfron, formado pelo glomérulo, pela alça descendente e ascendente de Henle e
pelos túbulos contorcidos distal e proximal, os quais terminam nos ductos
coletores.
Cada
porção do néfron tem uma função na formação da urina. A cada minuto, o rim
normal é perfundido por cerca de 1.200 mL de sangue, a partir dos quais são
produzidos de 1 a 2ml de urina. O sangue é inicialmente filtrado na cápsula de
Bowman (componente do glomérulo), gerando um ultrafiltrado (volume aproximado:
1,80 L a cada 24 horas) que passará pelos túbulos contorcidos e pela alça de
Henle, terminando nos túbulos coletores.
O
sangue penetra nos rins através da artéria renal, entrando no glomérulo através
da arteríola aferente e subsequentemente deixando o néfron pela artéríola
eferente. Através de alterações no seu diâmetro, estas arteríolas regulam a
quantidade de sangue que é filtrada a cada momento (aumentando ou diminuindo a
pressão hidrostática nos capilares glomerulares). Na cápsula de Bowman dos
glomérulos (que consistem basicamente em capilares espiralados e um espaço
virtual, que recebe o ultrafiltrado), são filtradas para a urina as substâncias
dissolvidas no plasma com peso molecular inferior a 70.000 D.
A cada minuto, cerca de 120 mL de água
contendo substâncias de baixo peso molecular são filtradas através deste
sistema. Aí o filtrado deve passar por três camadas filtrantes: a membrana das
paredes capilares (cujas células contém poros especiais, sendo denominadas
fenestradas), a membrana basal, e o epitélio visceral da cápsula de Bowmann.
O fluxo de sangue através dos rins sofre influência do sistema
renina-angiotensina-aldosterona. Quando os níveis de pressão sanguínea
declinam, a renina (enzima produzida nos rins) provoca a produção de aldosterona,
a qual aumenta a reabsorção de sódio e água. O oposto ocorre com a elevação da
pressão. Esse sistema é um importante determinante da pressão arterial.
Distúrbios neste sistema podem estar relacionados com a gênese da Hipertensão
arterial.
No
túbulo contorcido proximal, é realizada a reabsorção de substâncias essenciais
e água, através de transporte ativo e passivo. No transporte ativo - responsável pela reabsorção de glicose, aminoácidos e sais -, proteínas
transportadoras ligam-se às substâncias reabsorvidas, transferindo-as através
das membranas celulares de volta ao sangue. No transporte passivo, as
substâncias fluem através das membranas em resultado das diferenças de
concentração e/ou cargas elétricas presentes nas soluções em cada lado da
membrana.
A
reabsorção de água ocorre em todas as partes do néfron, excetuada a alça
ascendente de Henle. A uréia é reabsorvida passivameene no túbulo contorcido
proximal e na alça ascendente de Henle; o sódio (Na+) acompanha o
transporte ativo do cloreto (Cl-, de carga elétrica oposta) que se
realiza na alça ascendente de Henle.
É
este transporte ativo de íons efetuado pelas células da Alça de Henle o
responsável pela concentração da urina, pois à medida em que o ultrafiltrado
progride, forma-se - por um mecanismo de contra-corrente - um gradiente de
concentração de sal, com concentração máxima no fundo da alça de Henle. A
concentração do filtrado, dependente deste gradiente formado, começa no fim do
túbulo contorcido distal e temina no ducto coletor. A permeabilidade de ambos à
água é controlada pelo hormônio aldosterona, que, quando presente, torna as
suas paredes permeáveis à água. Prosseguindo através do túbulo contorcido
distal, e antes de atingir o tubo coletor, o filtrado sofre reabsorção
adicional de sódio (sob o controle da aldosterona) antes que o fluido seja
entregue aos túbulos coletores para a concentração final.
Outro
fenômeno que ocorre no néfron é a reabsorção tubular. Esta permite a eliminação
de resíduos não filtrados pelo glomérulo e a regulação do equilíbrio
ácido-básico do organismo, através da secreção de íons H+. Muitas
substâncias ligadas às proteínas (como medicamentos) não podem ser filtradas
pelos glomérulos, mas apresentam afinidade pelas células dos capilares
tubulares, e são aí transportadas para o filtrado através destas.
Os
íons bicarbonato (HCO³-) são fundamentais à manutenção do pH
sanguíneo. Estes íons são livremente filtrados, e devem ser reabsorvidos, o que
ocorre principalmente no túbulo cotornado proximal.
Íons
H+ em excesso devem ser excretados. Sua excreção se dá quando
ligados a íons fosfato filtrados e não reabsorvidos e também ligados dos à
Amônia (NH3), formando o íon amônio (NH4+), o qual é excretado.
O
íon potássio(K+), filtrado livremente, é de importância na condução
nervosa, contração muscular e na função cardíaca. Desequilíbrio na sua
concentração pode ter conseqüências graves como a parada cardíaca. Cerca de 65%
do potássio filtrado são reabsorvidos no túbulo proximal, outros 20 a 30% na
alça de Henle.
Esses
quatro últimos processos ocorrem simultaneamente, sendo sua velocidade
determinada pelo equilíbrio ácido-básico do organismo.
Dos
tubos coletores a urina já formada prossegue até o ureter, chegando à bexiga,
de onde é eliminada pela micção.Referências:
- STRASINGER, Susan K, Uroanálise
e Fluidos Biológicos. São Paulo, SP: Editorial Médica Panamericana, 3ª
edição. 2000.
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