Avaliação da COR (normalmente
amarela ou amarela clara) e do ASPECTO (límpido ou turvo) são
determinados por observação direta; neste mesmo momento, pode-se atentar e
registrar eventuais odores anormais.
A hematúria (sangue na urina)
confere à urina uma cor de laranja a vermelha, podendo estar presentes
rajas de sangue.
Medicamentos podem conferir à urina
tons diversos, como verde ou laranja escuro; outros estados patológicos
podem resultar em alteração da cor da urina pela presença de pigmentos,
sangue ou resíduos do metabolismo.
A presença de bactérias ou elementos
celulares (produzidos por descamação a partir de várias partes do sistema
urinário) em quantidade anormal pode resultar em um aspecto turvo.
Alguns medicamentos, como a Penicilina,
produzem odor característico;
Na infecção do trato urinário, a urina pode
apresentar um odor desagradável.
Análise bioquímica da urina através
de tiras reagentes
Existem
diversa marcas de tiras reagentes para urinálise, que consistem em tiras
de matéria plástica contendo diversos campos com reagentes químicos, que
determinam a presença ou ausência de determinadas substâncias químicas na
urina. Essas tiras são imersas na urina homogeneizada, aguarda-se um tempo
de reação que varia em torno de 30 a 120 segundos, e a alteração de cada
campo é comparada a uma escala visual. O procedimento pode também ser
automatizado e é semi-quantitativo para algumas das substâncias. Entre os
campos reagentes mais importantes estão os que determinam:
O pH, útil na avaliação de cristalúria e de distúrbios renais
que cursam com incapacidade renal de secretar ou reabsorver ácidos ou
bases. As tiras usuais avaliam o pH na faixa em torno de 5 a 9; amostras
com pH superior a 9 são consideradas inadequadas à análise por má
conservação.
A Densidade, a qual pode ser também checada por meio de um refratômetro
é útil na avaliação da qualidade da amostra (urina muito diluída pelo
excesso de ingestão de líquidos tem densidade próxima de 1.000, a
densidade da água) e para avaliãção da capacidade do rim de concentrar a
urina.
Proteínas, que
na urina normal estão ausentes. Podem estar presentes em doenças renais,
diabetes, etc.
A glicose, também ausente na urina normal, e presente em
pacientes diabéticos e casos de glicosúria renal. A glicosúria
(glicose na urina) deve ser quantificada por análise bioquímica.
Cetonas ou Corpos
Cetônicos, comumente presentes em pacientes diabéticos ou após jejum
prolongado. São produzidos no metabolismo dos lipídios, incluindo:
acetona, ácido acetoacético e ácido beta-hidróxibutílico.
O sangue (Hemoglobina), ausente na urina normal e presente nas
hemorragias de quaquer causa que atingem o sistema urinário (Infecções
urinárias, cálculo renal etc). A detecção de hemoglobina através da tira
reativa deve ser correlacionada com a análise do sedimento.
A bilirrubina, susbstância resultante do metabolismo da
hemoglobina e que dá à urina coloração amarela. Sua presença em
quantidade aumentada pode indicar hemólise ou hepatopatia. A
Bilirrubinúria deve ser comprovada por testes químicos.
O urobilinogênio, o qual que em quantidade elevada deve ser
confirmado por meio de reagentes químicos; pode indicar hepatopatia,
distúrbios hemolíticos ou porfirinúria. Assim como a bilirrubina, resulta
do metabolismo da hemoglobina.
O nitrito,
normalmente ausente, é produzido por algumas espécies de bactérias
eventualmente presentes em infecções do urinárias. Sua positividade é
indicativa da presença de bactérias na urina, mas sua negativivdade não
exclui a presença de outros tipos de bactérias.
A Esterase Leucocitária,
enzima que indica a presença de leucócitos na urina. Essa análise deve
ser correlacionada com a microscopia do sedimento urinário.
Análise microscópica do sedimento urinário
Você pode acompanhar esse tópico com o auxílio do nosso ATLAS DE SEDIMENTOSCOPIA!
Para a análise microscópica, é
necessária a centrifugação e concentração da urina em condições
padronizadas. O sedimento concentrado é analisado à microscopia óptica, à
procura de elementos anormais, que podem ser avaliados
semi-quantitativamente ou quantitativamente (análise mais precisa). Podem
estar presentes, entre outros elementos:
Leucócitos: A leucocitúria se correlaciona a processos
inflamatórios e infecciosos do sistema urinário.
Hemácias: devem ser avaliadas quanto à quantidade e
morfologia (presença ou ausência dismorfismo eritrocitário).
Células epiteliais de vários tipos, oriundas da
descamação a partir de diversos pontos do trato urinário. Sua morfologia
é indicativa de seu local de origem. Sua presença em quantidade elevada é
anormal.
Cristais
Parasitas: podem ser protozoários que causem infecção
do trato urinário (Candida) ou protoziários (Trichomonas
vaginalis).
Bactérias
Cilindros
Formados na luz do túbulo
contorcido distal e do duto coletor, têm como seu principal componente a proteína
de Temm-Horsfall, proteína excretada pelas células tubulares renais.
Há cilindros de diversos tipos, e podem conter inclusões celulares.
a) A presença de cilindros hialinos
em pequena quantidade é normal, principalmente após o exercício físico.
b) Cilindros hematínicos contém hemácias e/ou hemoglobina.
c) Cilindros leucocitários contém leucócitos em seu interior
e são indicativos de infecção ou inflamação no interior do néfron.
d) Cilindros epiteliais contém células epiteliais e são
indicativos de lesão tubular renal.
e) Cilindros granulares são resultantes da degradação dos
outros tipos de cilindro, podendo também conter bactérias.
f) Cilindros céreos representm um estágio avançado dos
cilindros hialinos.
g) Cilindros adiposos são produzidos pela decomposição
de cilindros de células epiteliais que contém corpos adiposos ovais.
Essas células absorvem lipídeos que entram no túbulo através dos
glomérulos. Esses cilindros podem ser identificados com precisão através
da coloração pelo Sudan IV, que os cora em vermelho.
Cilindros largos moldam os túbulos
contorcidos distais, e resultam da distorção da estrutura tubular. São
muito maiores do que os outros e indicam prognóstico desfavorável.
Opcionalmente a análise do sedimento
urinário pode ser feita mediante a adição de corantes.
Dosagem quantitativa em analisador
bioquímico de algumas substâncias eventualmente encontradas, como
proteínas e glicose.
Todo
o procedimento, manual e/ou automatizado, deve ser submetido a procedimentos
complexos de garantia de qualidade, correlacionando-se os resultados de uma etapa
de análise com as demais e com as condições clínicas do paciente.
Referências
- STRASINGER, Susan K, Uroanálise
e Fluidos Biológicos. São Paulo, SP: Editorial Médica Panamericana, 3ª
edição. 2000.
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