A Epidemiologia é a
ciência que estuda os padrões da ocorrência de doenças em populações humanas e
os fatores determinantes destes padrões. Ainda aborda o processo saúde-doença
em grupos de pessoas que podem variar de pequenos grupos até populações
inteiras.
Antigamente, a
epidemiologia era mais reconhecida por se dedicar a epidemias de doenças transmissíveis.
Atualmente reconhece-se que ela trata de qualquer doença (evento) da população.
Suas aplicações variam
desde a descrição das condições de saúde da população, da investigação dos
fatores determinantes de doenças, da avalia- ção do impacto das ações para
alterar a situação de saúde até a avaliação da utilização dos serviços de
saúde, incluindo custos de assistência.
Assim, a epidemiologia
contribui para o entendimento da saúde da população - partindo dos fatores que
a determinam e provendo meios para a prevenção das doenças.
Prevenções
As ações primárias
dirigem-se à prevenção das doenças ou manutenção da saúde. Exemplo: a
interrupção do fumo na gravidez seria uma importante medida de ação primária,
já que mães fumantes, no estudo de coorte de Pelotas de 1993, tiveram duas
vezes maior risco para terem filhos com retardo de crescimento intra-uterino e
baixo peso ao nascer.
Após a instalação do
período clínico ou patológico das doenças, as ações secundárias visam a
fazê-lo regredir (cura), ou impedir a progressão para o óbito, ou evitar o
surgimento de sequelas.
A prevenção através das
ações terciárias procura minimizar os danos já ocorridos com a doença.
Exemplo: a bola fúngica que, usualmente é umresí- duo da tuberculose e pode
provocar hemoptises severas, tem na cirurgia seu tratamento definitivo.
Causalidade
A teoria da
multicausalidade ou multifatorialidade tem hoje seu papel definido na gênese,
isto é, na formação, no início das doenças.
A grande maioria das doenças advém
de uma combinação de fatores que interagem entre si e desempenham importante
papel na determinação das mesmas. Como exemplo dessas múltiplas causas – chamadas
causas contribuintes – utilizaremos o câncer de pulmão. Nem todo fumante
desenvolve câncer de pulmão, o que indica que há outras causas contribuindo
para o aparecimento dessa doença. Entretanto, descendentes de primeiro grau de
fumantes com câncer de pulmão tiveram 2 a 3 vezes maior chance de desenvolverem
a doença do que aqueles sem a doença na família; isso indica que há uma suscetibilidade
familiar aumentada para o câncer de pulmão. A ativação dos oncogenes dominantes e
inativaçãode oncogenes supressores
reforçam
o papel de determinantes genéticos.
Indicadores
de Saúde
Para que a saúde seja
quantificada e para permitir comparações na população, utilizam-se os
indicadores de saúde. Estes devem refletir, com fidedignidade, o panorama da
saúde populacional. É interessante observar que, apesar desses indicadores
serem chamados Indicadores de Saúde, muitos deles medem doenças, mortes,
gravidade de doenças.
Esses indicadores podem
ser expressos em termos de frequência absoluta ou como frequência relativa,
onde se incluem os coeficientes e índices. Os valores absolutos são os dados
mais prontamente disponíveis e, frequentemente, usados na monitoração da
ocorrência de doenças infecciosas; especialmente em situações de epidemia.
Alguns dos indicadores de saúde mais importantes são:
· Mortalidade/sobrevivência
·
Morbidade/gravidade/incapacidade funcional
· Nutrição/crescimento
e desenvolvimento
· Aspectos demográficos
· Condições
socioeconômicas
· Saúde ambiental
· Serviços de saúde
Coeficientes
(ou taxas ou rates)
São as medidas básicas
da ocorrência das doenças em uma determinada população e período. Para o
cálculo dos coeficientes ou taxas, considera-se que o número de casos está relacionado
ao tamanho da população que lhes deu origem. O numerador refere-se ao número de
casos detectados que se quer estudar (por exemplo: mortes, doenças, fatores de
risco etc.), e o denominador refere-se a toda população capaz de sofrer aquele
evento é a chamada população em risco. O denominador, portanto, reflete o
número de casos acrescido do número de pessoas que poderiam tornar-se casos
naquele período de tempo.
Morbidade
Muitas doenças causam
importante morbidade, mas baixa mortalidade, como a asma. Morbidade é um termo genérico
usado para designar o conjunto de casos de uma dada afecção ou a soma de
agravos à saúde que atingem um grupo de indivíduos. As medidas de morbidade
mais utilizadas são:
a)
Medida
de Prevalência - mede o número total de casos, episódios
ou eventos existentes em um determinado período no tempo. O
coeficiente de prevalência,
portanto, é a relação entre o número de casos existentes de uma determinada
doença e o número de pessoas na população, em um ponto no tempo. Esse
coeficiente pode ser multiplicado por uma constante, pois, assim, torna-se um
número inteiro fácil de interpretar (essa constante pode ser 100, 1.000 ou
10.000).
b)
Medida
da Incidência - mede o número de casos novos de uma
doença, episódios ou eventos na população dentro de um período definido de
tempo. É um dos melhores indicadores para avaliar se uma condição está
diminuindo, aumentando ou permanecendo estável, pois indica o número de pessoas
da população que passou de um estado de não-doente para doente. O coeficiente
de incidência é a razão entre o número de casos novos de uma doença que ocorre
em uma comunidade, em um intervalo de tempo determinado, e a população exposta
ao risco de adquirir essa doença no mesmo período. A multiplicação por uma
constante tem a mesma finalidade descrita acima para o coeficiente de
prevalência.
Mortalidade
O número de óbitos
(assim como o número de nascimentos) é uma importante fonte para avaliar as
condições de saúde da população. As medidas ou coeficientes de mortalidade mais
utilizada(o)s são:
· Coeficiente de
mortalidade geral
· Coeficiente de
mortalidade infantil
· Coeficiente de
mortalidade neonatal precoce
· Coeficiente de
mortalidade neonatal tardia
· Coeficiente de
mortalidade perinatal
· Coeficiente de
mortalidade materna
Letalidade
A letalidade refere-se
à incidência de mortes entre portadores de uma determinada doença dividida pela
população de doentes.
Totalmente extraído de Ana
M. B. Menezes. Noções Básicas de Epidemiologia. Disponível em: http://www.mpto.mp.br/static/caops/patrimonio-publico/files/files/nocoes-de-epidemiologia.pdf
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